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Canónigos

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Arquivos para Novembro 2009

Avé Maria cantada por Maria Bethânia…

27 Novembro, 2009 1 comentário

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Oração “O Dia” – (oração inicial 24/11/2009)

25 Novembro, 2009 Deixe um comentário

Rezar a Vida é deixar-se deslumbrar pela gratuidade manifestada na Criação.
Não é fácil dar conta de tamanha beleza (da Criação) no meio das florestas de cimento, do barulho e do tráfico intenso das nossas cidades, precisamos de procurar espaços de contacto com a Natureza para melhor sentirmos o seu pulsar.
Levar a vida à oração pode significar rezar a natureza, desde as maravilhas do cosmos, à beleza das flores, ao canto dos pássaros, à brancura da neve, à imensidade dos oceanos. Levar tudo ao diálogo com Deus para sairmos mais contemplativos e descobrirmos o dedo de Deus nas maravilhas da Criação.
Em cada momento, na nossa vida, a Mãe Natureza, dádiva de Deus, deslumbra-nos, entra em nós, tendo nós a percepção de que algo tão complexo nos transcende e nos é exterior.
Também nós somos complexos, também nós somos parte integrante dessa Natureza, sendo que quando a contemplamos, queiramos ou não, ficamos impotentes perante a dimensão infinita da grandeza e beleza que Deus proporciona a cada ser, em cada fenómeno, ao Seu projecto completo para cada um de nós.
Aos 11 anos, escrevi este poema, que traduzia para mim serenidade e paz, características da comunhão com Deus. Passados 25 anos, escreveria tudo igual. Vivemos com a Natureza, vivemos com Deus, vivamos para Deus!

O DIA

A luz do sol reflecte-se
Sobre as águas quentes de um lago,
Ao ritmo de uma música inaudível,
Invisível e agradável de uma manhã
Que quente e bonita
Anuncia um novo dia.
As flores acordam ligeiramente,
Perfumando o ar
E embelezando a paisagem,
Como é costume neste prado imenso,
Humedecido pelo orvalho que cai misteriosamente
Durante a noite, como num conto de fadas.
Os pássaros, voando e cantando contentes
Ainda tornam mais alegre e viva,
Esta bonita cena primaveril.
Assim se passa até ao entardecer,
Até que por aí tudo decorre ao contrário,
E então como por encanto, surge a noite,
Ficando esta pradaria coberta
Por um céu negro e ameaçador.
A partir daí, este prado não passa de um simples campo
Silencioso e adormecido,
Esperando que nasça um outro dia.

Paulo Viriato Meneses

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Avé Maria por Maria Ana Bobone

25 Novembro, 2009 Deixe um comentário

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8 de Dezembro de 2009 – Rezar com Santa Maria

25 Novembro, 2009 Deixe um comentário

1. O R A Ç Ã O

2. P A R T I L H A

3. T P C

Leitura: Magnificat – Lc 1, 39-56

A minha alma glorifica o Senhor *
E o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.

Porque pôs os olhos na humildade da sua Serva: *
De hoje em diante me chamarão bem aventurada todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: *
Santo é o seu nome.

A sua misericórdia se estende de geração em geração *
Sobre aqueles que o temem.
Manifestou o poder do seu braço *
E dispersou os soberbos.

Derrubou os poderosos de seus tronos *
E exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens *
E aos ricos despediu de mãos vazias.

Acolheu a Israel, seu servo, *
Lembrado da sua misericórdia,
Como tinha prometido a nossos pais, *
A Abraão e à sua descendência para sempre

Glória ao Pai e ao Filho *
E ao Espírito Santo,
Como era no princípio, *
Agora e sempre. Ámen.

Magnificat (também conhecida como Canção de Maria) é um cântico entoado (ou recitado) frequentemente na liturgia dos serviços eclesiásticos cristãos. O texto do cântico vem directamente do Evangelho segundo Lucas, onde é recitado pela Virgem Maria na ocasião da Visitação de sua prima Isabel. Na narrativa, após Maria saudar Isabel, que está grávida com aquele que será conhecido como João Batista, a criança mexe-se dentro do útero de Isabel. Quando esta louva Maria por sua fé, Maria entoa o Magnificat como resposta.

Como terceira forma de rezar, vamos fazer deste texto a base da nossa oração para estes 15 dias. Deixo-me levar pela lógica do mesmo, procuro responder porque é que eu louvo a Deus e quais as minhas orações.
Tal como Maria, respondendo a estas questões, vou concretizar o fruto da minha oração redigindo o meu Magnificat.

Graça a pedir: Fidelidade e Perseverança na Oração

4. AVALIAÇÃO

Picture1Ícone de Nossa Senhora de Taizé (in www.taize.fr)

«Nada é impossível a Deus»: ao compreender que Deus precisava dela para poder vir à terra, Maria acreditou na palavra do anjo. (Lucas 1,26-38)

Ela ainda não vivia com José quando o anjo lhe disse que iria ter um filho, que seria o Cristo de Deus. O que lhe estava a ser anunciado era humanamente impossível. Ela tinha boas razões para dizer não. Contudo, disse sim. E a maneira de agir de Deus, surpreendente, inaugurada com Abraão, que confiou sem saber para onde iria, realizou-se nela de uma forma nova e única.

O Evangelho chama a Maria «cheia de graça»: desde sempre, ela era amada por Deus e preparada para o que Deus esperava dela. Nenhum dos seus vizinhos podia adivinhar o mistério que Maria de Nazaré trazia dentro de si. Não acontecem sempre os maiores mistérios num profundo silêncio? Na história, bastam por vezes algumas pessoas para mudar o curso dos acontecimentos. A confiança e a coragem de Maria foram suficientes para deixar que Deus entrasse na humanidade.

Deus esperava desta jovem um sim livre. Ela di-lo: «Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim, segundo a tua palavra». E eis que a sua fé será sujeita a uma dura prova. O nascimento de Jesus no improviso, a distância que a criança de doze anos marca em relação aos seus pais, a resposta abrupta pela qual Jesus dá a entender que há laços mais profundos do que os do sangue, tudo isso não a leva a abandonar a sua confiança.

Em Caná, ela convida os outros a entrar numa mesma confiança: «Fazei o que ele vos disser» (João 2,1-12). Ela volta a dizer o seu sim no momento em que tudo se torna incompreensível e até mesmo absurdo. Quando Jesus morre na cruz, ela está presente. É então que Jesus a confia como sua mãe ao discípulo João (João 19,25-27).

Este sim de toda uma vida é o que Deus espera de cada um de nós. É como se ele nos dissesse: «Preciso de ti para que o Evangelho possa chegar a todos os homens. Não temas os teus limites nem os sofrimentos. Eu nunca te abandonarei».

O ícone de Maria, Mãe de Deus, que nos apresenta o seu filho, mostra que ela, a primeira a ter confiado no Evangelho, nos orienta até Jesus. O ícone reproduzido aqui encontra-se na igreja de Taizé. Foi benzido em 1962 pelo Metropolita Nikodim, da Igreja Ortodoxa Russa, aquando da sua visita.

A Virgem Maria prefigura a Igreja. Na comunhão dos santos, estamos ligados a ela, como a uma mãe muito próxima. Inúmeros crentes encontraram consolação e coragem ao referirem-se a ela, na confiança de que ela está viva, junto de Deus. Muitas pessoas desesperadas encontram junto dela um apaziguamento para as suas feridas, a cura do coração.

A veneração de Maria faz parte do nosso louvor a Deus: quando meditamos sobre a maneira como Deus encarnou, adoramos Cristo e ficamos também maravilhados ante Maria.

A veneração de Maria assumiu diferentes formas segundo os locais e as épocas. (*)A começar pelo evangelista Lucas, que põe nos lábios de Maria estas palavras: «Chamar-me-ão bem-aventurada todas as gerações» (Lucas 1,48). Há hinos antigos que cantam este louvor de Maria com uma grande beleza poética: «Alegra-te, tu que conténs no teu seio Aquele que tudo contém; alegra-te, Estrela que anuncia o nascer do Sol; alegra-te, tu que acolhes na tua carne o teu filho e o teu Deus; alegra-te, tu que és a primeira da nova Criação» (Hino acatista à Mãe de Deus)

A celebração de 15 de Agosto, vinda do Oriente, provavelmente de Jerusalém, celebra o final da peregrinação de Maria. A partir de então, ela está junto de Cristo. Ele tomou junto de si aquela que o Espírito Santo tinha preparado para lhe dar a vida sobre a terra. A fé da Virgem Maria tornou-se visão. Maria atesta que a obra de reconciliação empreendida por Cristo encontra o seu cumprimento.

Os cristãos do Oriente não dizem «assunção», mas «dormição» de Nossa Senhora. A sua maneira de explicar o mistério é o de ficar, de algum modo, no limiar. Se, mais explicitamente, a Igreja Católica diz que Maria foi «elevada à glória do céu em corpo e alma» (Concílio Vaticano II, Lumen Gentium 59), ela afirma que foi com toda a sua pessoa, com tudo o que fez parte da sua vida, que Maria foi acolhida em Deus.

Maria ficará sempre como o exemplo da fé. Hoje, quando um sim para sempre no casamento ou no celibato é facilmente questionado, é ainda mais importante que aqueles que o disseram o guardem vivo e o alimentem, inspirados por Maria.

Contemplar o sim de Maria, o caminho que ela percorreu até ao seu acolhimento em Deus, confirma que «nada é impossível a Deus», e isso pode levar-nos a assumir o risco de arriscar tudo na fé em Cristo.

(*) Há muitos documentos ecuménicos, entre os quais o do Grupo de Dombes («Maria no plano salvífico de Deus e na comunhão dos santos», 1997) que abrem um caminho para que todos os baptizados reconheçam em conjunto o lugar da Virgem Maria no plano da salvação, aceitando que haja diferentes formas de veneração. Como poderia a mãe do Senhor, figura da Igreja, separar-nos? Não! Ela une-nos!

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Maria (mãe de Jesus) (in http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria,_m%C3%A3e_de_Jesus)

Maria (????? transliteração em grego do hebraico Maryam, Miriã ou Miriam ???? que em hebraico significa “contumácia” ou “rebelião”; a origem é incerta, mas pode ter sido originalmente um nome egípcio, provavelmente derivado de mry (“amada”) ou mr (“amor”),no sentido de “senhora amada”; era a mãe de Jesus de Nazaré, segundo a Bíblia. Acredita-se que tenha nascido em Jerusalém a partir de 15 a.C., para alguns estudiosos teria nascido em Nazaré. A Igreja Católica a denomina também Co-Redentora da humanidade.
Alguns autores afirmam que Maria era filha de Eli, mas a genealogia fornecida por Lucas alista o marido de Maria, São José, como “filho de Eli”. A Cyclopædia (Ciclopédia) de M’Clintock e Strong (1881, Vol. III, p. 774) diz: “É bem conhecido que os judeus, ao elaborarem suas tabelas genealógicas, levavam em conta apenas os varões, rejeitando o nome da filha quando o sangue do avô era transmitido ao neto por uma filha, e contando o marido desta filha em lugar do filho do avô materno. (Números 26:33, Números 27:4-7).” Possivelmente por este motivo Lucas diz que José era «filho de Eli» (Lucas 3:23).

Vida
Segundo uma tradição católica estima-se que a Virgem Maria teria nascido a 8 de setembro, num sábado, data em que a Igreja festeja a sua Natividade. Também é da tradição pertencer à descendência de Davi – neste sentido existem relatos de Inácio de Antioquia, Santo Irineu, São Justino e de Tertuliano – consta ainda dos “apócrifos” Evangelho do nascimento de Maria e do Protoevangelion e é também de uma antiga tradição que remonta ao século II que seu pai seria São Joaquim, descendente de Davi, e que sua mãe seria Sant’Ana, da descendência do Sacerdote Aarão.
De acordo com o costume judaico aos três anos, Maria teria sido apresentada no Templo de Jerusalém, é também da tradição que ali teria permanecido até os doze anos no serviço do Senhor, quando então teria morrido seu pai, São Joaquim. Com a morte do pai teria se transferido para Nazaré, onde São José morava. Três anos depois realizar-se-iam os esponsais. Os padres bolandistas, que dirigiram a publicação da Acta Sanctorum de 1643 a 1794, supõem em seus estudos que São Joaquim era irmão de São José, o que caracterizaria um caso de endogamia, o que era comum entre os judeus.

Nos Evangelhos
O papel que ocupa na Bíblia é mais discreto se comparados com a tradição católica. Os dados estritamente biográficos derivados dos Evangelhos dizem-nos que era uma jovem donzela virgem (em grego ????????), quando concebeu Jesus, o Filho de Deus. Era uma mulher verdadeiramente devota e corajosa. O Evangelho de João menciona que antes de Jesus morrer, Maria foi confiada aos cuidados do apóstolo João e a Igreja Católica viu aí que nele estava representada toda a humanidade, filha da Nova Eva.
É dezanove vezes citada no Novo Testamento, entre elas: «A virgem engravidará e dará à luz um filho … Mas José não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus.» (Mateus 1:23-25), “Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. … será chamado Filho do Altíssimo.” Maria pergunta ao anjo Gabriel: “Como acontecerá isso, se sou virgem [literalmente: se não conheço homem]?” O anjo respondeu: «O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que nascer será chamado santo, Filho de Deus.» (Lucas 1:26-35).

Factos notáveis – As passagens onde Maria aparece no Novo Testamento são:
• O aparecimento do arcanjo Gabriel, e anúncio de que seria ela a mãe do Filho de Deus, o prometido Messias (ou Cristo). (Lucas 1:26-56 a Lucas 2:1-52; compare com Mateus 1:2).
• A visitação à sua prima Santa Isabel e o Magnificat (Lc. 1,39-56).
• O nascimento do Filho de Deus em Belém, a adoração dos pastores e dos reis magos (Lc. 2,1-20).
• A Sua purificação e a apresentação do Menino Jesus no templo (Lc. 2,22-38).
• À procura do Jesus no templo debatendo com os doutores da lei (Lc. 2,41-50).
• Meditando sobre todos estes fatos (Lc. 2,51).
• Nas bodas de Casamento em Caná, na Galileia. (João 2:1-11)
• À procura de Cristo enquanto este pregava e o elogio que Lhe faz (Lc. 8,19-21) e (Mc. 3, 33-35).
• Stabat Mater – Ao pé da Cruz quando Jesus aponta a Maria como mãe do discípulo e a este como seu filho (Jo, 19,26-27).
• Depois da Ascensão de Cristo aos céus, Maria era uma das mulheres que estavam reunidas com restantes discípulos no derramamento do Espírito Santo no Pentecostes e fundação da Igreja Cristã. (Actos 1:14; Actos 2:1-4)
E não há mais nenhuma referência ao seu nome nos restantes livros do Novo Testamento, salvo em Lucas (11, 27-28): Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram.

Palavras de Maria
Nos Evangelhos Maria faz uso da palavra por sete vezes, três delas dirigidas ao Anjo da Anunciação, o Magnificat em resposta a Isabel, duas dirigidas ao seu Filho e uma só e última vez dirigida aos homens (aos servos das bodas de Caná) que a Igreja Católica conserva com todo o valor de um testamento:
• Como poderá ser isto, se não conheço varão? (Lc. 1,34).
• “Eis aqui a serva do senhor, faça-se em mim, segundo a Tua palavra (Lc 1:38)
• “A minha alma engrandece o Senhor.” (Lc. 1,46-55)
• “Filho, porque fizeste isto connosco? eis que teu pai e eu te procurávamos angustiados.” (Lc. 2,48).
• “Não têm mais vinho”… (Jo. 2,3).
• “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo.2,5).

Palavras dirigidas a Maria – Nos Evangelhos por oito vezes a palavra é dirigida a Maria:
1. A saudação do anjo: Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo. (Lc.1,28).
2. O anúncio da Encarnação: Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho a quem porás o nome de Jesus. (Lc. 1,30-33).
3. Por obra e graça do Espírito Santo: O Espírito Santo descerá sobre ti e o poder do altísimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o que nascer será chamado Santo, Filho de Deus. (Lc. 1,35-37).
4. Simeão Lhe fala da espada que trespassará o coração: …e uma espada trespassará a tua própria alma a fim de que se descubram os pensamentos de muitos corações. (Lc. 2,34).
5. Isabel ao responder à sua saudação: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! (Lc.1, 42-45).
6. O Jesus a responde no templo: Por que me buscáveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai? (Lc. 2,49)
7. Cristo em Caná: Respondeu-lhe Jesus: Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou. . (Jo.2,4)
8. Por Cristo na Cruz: Jesus, vendo a sua Mãe e, junto dEla, o discípulo que amava, disse à sua Mãe: “Mulher, eis aí o teu filho.” Depois disse ao discípulo: “Eis aí a tua Mãe.” E daquela hora em diante o discípulo a levou para sua casa. (Jo. 19,26-27).

As sete dores de Maria
A historiagrafia de Maria colhe uma tradição fundada nos evangelhos que venera as Suas Sete Dores, são sete momentos da sua vida em que passou por sofrimento humano notável:
• Primeira dor: A profecia de Simeão.
• Segunda dor: A fuga para o Egipto.
• Terceira dor: Jesus perdido no Templo.
• Quarta dor: Maria encontra o seu Filho com a cruz a caminho do Calvário.
• Quinta dor: Jesus morre na Cruz.
• Sexta dor: Jesus é descido da Cruz e entregue a sua Mãe.
• Sétima dor: O corpo de Jesus é sepultado.

A Dormição
Não há registros históricos do momento da morte de Maria. Diz uma tradição cristã que ela teria morrido (Dormição da Virgem Maria) no ano 42 d.C. e seu corpo depositado no Getsêmani.
Desde os primeiros séculos, usou-se a expressão dormitação, do lat. dormitáre, em vez de “morte”. Alguns teólogos e mesmo santos da Igreja Católica, por devoção, sustentam que Maria não teria morrido, mas teria “dormitado” e assim levada aos Céus; outra corrente, diversamente, sustenta que não teria tido este privilégio uma vez que o próprio Jesus passou pela morte.
Na liturgia bizantina a festa da dormição ocorre no dia 31 de agosto, é a Dormição da SS. Mãe de Deus, “Kóimesis” em grego e Uspénie em língua eslava eclesiástica, termos que se referem ao ato de dormir. A partir de 1 de agosto, na Igreja oriental e bizantina (ortodoxos e greco-católicos) inicia-se a preparação para esta festa. O dia 15 de agosto foi estabelecido pelo imperador Maurício (582-602), do Império Romano do Oriente, mantendo assim uma antiga tradição, no Ocidente foi introduzida pelo Papa Sérgio I.
Do ponto de vista oficial do magistério, entretanto, a Igreja Católica, sobre esta matéria, nunca se pronunciou, o que coloca o tema na livre devoção dos fiéis. Reservou-se ao dogma apenas o tema da Assunção em si. Sobre a dormição de Maria, entretanto, João Paulo II assim se manifestou:
(…) O Novo Testamento não dá nenhuma informação sobre as circunstâncias da morte de Maria. Este silêncio induz supor que se produziu normalmente, sem nenhum fato digno de menção. Se não tivesse sido assim, como teria podido passar desapercebida essa notícia a seu contemporâneos sem que chegasse, de alguma maneira até nós?
No que diz respeito às causas da morte de Maria, não parecem fundadas as opiniões que querem excluir as causas naturais. Mais importante é investigar a atitude espiritual da Virgem no momento de deixar este mundo. A este propósito, São Francisco de Sales considera que a morte de Maria se produziu como efeito de um ímpeto de amor. Fala de uma morte “no amor, por causa do amor e por amor” e por isso chega a afirmar que a Mãe de Deus morreu de amor por seu filho Jesus (Tratado do Amor de Deus, Liv. 7, cc. XIII-XIV).
Qualquer que tenha sido o fato orgânico e biológico que, do ponto de vista físico, Lhe tenha produzido a morte, pode-se dizer que o trânsito desta vida para a outra foi para Maria um amadurecimento da graça na glória, de modo que nunca melhor que nesse caso a morte pode conceber-se como uma “dormição”.

Dogmas – Segundo a doutrina da Igreja Católica, Maria está associada aos seguintes dogmas de fé:

• Maternidade Divina – Proclamado pelo Concílio de Éfeso em 431, como sendo a “Mãe de Deus” (em grego Theotokos e em latim Mater Dei): o Concílio de Éfeso proclamou que “se alguém não confessa que o Emmanuel é verdadeiramente Deus, e que por isso a Santíssima Virgem é Mãe de Deus, já que engendrou segundo a carne o Verbo de Deus encarnado, seja anátema “(…). Segundo São Tomás de Aquino “A Santíssima Virgem, por ser Mãe de Deus, possui uma dignidade, de certo modo infinita, derivada do bem infinito que é Deus”.
• Virgindade Perpétua – Virgem antes, durante e depois do parto.
• Santidade absoluta – Cheia de graça (gratia plena) por toda a sua existência.
• Imaculada Conceição – Concebida sem a mancha do pecado original. O Papa Pio IX, na Bula Ineffabilis Deus, fez a definição oficial do dogma da Imaculada Conceição, aos 8 de Dezembro de 1854.
• Assunção aos Céus – Refere-se à elevação de Maria em corpo e alma ao Céu. Este dogma foi proclamado pelo Papa Pio XII em 1 de Novembro de 1950, na encíclica Munificentissimus Deus.
As igrejas ortodoxas na sua maioria aceitam estes mesmos dogmas. As confissões protestantes não os aceitam outras mostram-se reticentes sobre o tema.

Virgindade Perpétua
Sobre este tema, especificamente, discorreu na antiguidade, Ambrósio de Milão, por volta do ano 391 ou 392, na obra De Institutione Virginis, em que se ocupa em defender a virgindade perpétua de Maria, contra algumas vozes que se levantavam na época contra esta prerrogativa que Lhe é reconhecida por algumas igrejas cristãs.
Sobre a virgindade de Maria, os cristãos católicos, protestantes e ortodoxos crêem que Maria era virgem quando deu à luz Jesus, mas apenas a Igreja Católica e os ortodoxos crêem que Maria ficou perpetuamente virgem. A tese sobre sua virgindade no nascimento de Cristo está ligada à profecia de Isaías 7:14.

Imaculada Conceição
Na bula dogmática Ineffabilis Deus, foi feita a definição oficial do dogma da Imaculada Conceição; nela, em 8 de dezembro de 1854 disse Pio IX: (…) que a doutrina que defende que a beatíssima Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original desde o primeiro instante da sua concepção, por singular graça de privilégio de Deus omnipotente e em atenção aos merecimentos de Jesus Cristo salvador do gênero humano, foi revelada por Deus e que, por isso deve ser admitida com fé firme e constante por todos os fiéis.
Em 8 de setembro de 1953, Pio XII através da Carta encíclica Fulgens corona anunciou a celebração do “Ano Mariano” comemorativo do primeiro centenário da definição do dogma da “Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria”. Em 5 de dezembro de 2007, Bento XVI fez tornar público decreto que concede indulgência plenária aos fiéis que cumprirem as condições nele estabelecidas, por ocasião do “150º. Aniversário da manifestação da Beata Virgem Maria na Gruta de Massabielle, próximo a Lourdes”

Títulos
A profunda devoção dos católicos por todo o mundo a encobriu de títulos como: Nossa Senhora de Nazaré, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora de Guadalupe, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora de Fátima, dentre outros.
Na “Ladainha de Nossa Senhora” estão enumerados os títulos com que os católicos a homenageiam numa tradição milenar. O mais recente destes títulos – Regina Familiae, Rainha das Famílias – foi mandado acrescentar pelo Papa João Paulo II em 1995. Há uma crença geral de que foi ele quem também incorporou à ladainha o título de Regina Pacis (Rainha da Paz), mas quem o fez foi Bento XV, em 1917, ao mesmo tempo em que pedia para que todos os católicos rezassem pelo fim da I Guerra Mundial.

Padroeira de Portugal
Nas Cortes de Lisboa de 1645-1646, em 25 de Março de 1646 declarou El-Rei D. João IV que tomava a Nossa Senhora da Imaculada Conceição por padroeira do Reino de Portugal, prometendo-lhe em seu nome, e dos seus sucessores, o tributo anual de 50 cruzados de ouro. Ordenou o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus.
D. João IV não foi o primeiro monarca português que colocou o reino sob a protecção da Virgem Maria, apenas tornou permanente uma devoção a que os reis portugueses recorriam em momentos críticos para o reino: D. João I já tinha deixado nas portas da capital uma inscrição louvando a Virgem, e mandado construir o Convento da Batalha, na Batalha, e seu companheiro, D. Nuno Álvares Pereira, mandado construir o Convento do Carmo, em Lisboa.

Magistério da Igreja Católica
São os seguintes, os principais documentos mariológicos da Igreja promulgados nos últimos cento e cinquenta anos:
• Papa Leão XIII: Encíclicas Magnae Dei Matris, 1892, Adiutricem populi, 1895, Augustissimae Virginis Mariae, 1897.
• Papa Pio IX: Bula dogmática Ineffabilis Deus, de 8 de dezembro de 1854.
• Papa Pio X: Encíclia Ad diem illum laetissimum, 1904
• Papa Pio XI: Encíclica Lux veritatis, 1931.
• Papa Pio XII: Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, 1950, encíclicas Fulgens corona, 1953 e Ad Caeli Reginam, 1954.
• Concílio Vaticano II, Constituição Lumen Gentium, cap. VIII, 1964.
• Papa Paulo VI: Exortações Apostólicas Marialis cultus, 1974 e Signum magnum, 1967.
• Papa João Paulo II: Encíclica Redentoris Mater (1987), Exortação Apostólica Redentoris custos, 1989 e Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, (2002).

Representação nas artes, Literatura, Escultura, Música e Pintura

A devoção e o culto à Virgem Maria têm sido expresso nas artes em especial na arte sacra e na arte religiosa desde os tempos dos Padres da Igreja até os tempos modernos, ressaltando-se sobre o tema os grandes mestres do Renascentismo e do Barroco. No barroco mineiro as obras do Aleijadinho, tanto os frescos como as esculturas, são também obras notáveis de representação da Virgem.
Muitos autores escreveram sobre Maria e suas virtudes e predicados, dentre eles Dante Alighieri na sua obra A Divina Comédia: És tão grande, Senhora, e tão poderosa, que quem pretenda alcançar uma graça sem recorrer a ti, deseja o impossível de voar sem asas. (Paraíso XXXIII, 13-15). Miguel de Cervantes, em “El licenciado Vidriera”; García Lorca, em “Romancero Gitano”; Tagore, em “La luna nueva” e famoso ainda é o “Poema à Virgem” de José de Anchieta, dentre muitas outras obras literárias e poéticas.
São inúmeras as esculturas representando Maria. A sua mais famosa representação é a Pietà de Michelangelo que se encontra na Basílica de São Pedro no Vaticano. As músicas mais conhecidas são as Ave Maria de Franz Schubert e de Gounod, Vários outros compositores escreveram música para o texto da “Ave Maria”, entre os quais pode-se citar também Giuseppe Verdi, Giacomo Puccini e Bonaventura Somma.
É grande a quantidade de pinturas contendo cenas da vida da Virgem Maria, grande número delas de pintores europeus do barroco e do renascimento que se encontram principalmente nos museus do Louvre em Paris, do Prado em Madri e do Vaticano, entre essas obras destacam-se as de Leonardo da Vinci, Velasquez, Murillo, Francisco de Zurbarán, Tiziano Vecellio, Sandro Botticelli, Bayerischer Meister, Caravaggio, Peter Paul Rubens, Antonello da Messina, Domenico Ghirlandaio, Raffaello Sanzio, Fra Angelico e El Greco, dentre vários outros.

No Protestantismo
Para os cristãos protestantes, Maria é vista como uma mulher de alto mérito, respeitosa por ter vivido uma vida exemplar segundo os propósitos de Deus, porém, sendo ela cheia da Graça (retomando o significado da palavra “graça” como algo não merecido, dado gratuitamente), era uma mulher comum, escolhida dentre outras para dar à luz ao Messias. Não se acredita, no protestantismo, que Maria seja a Mãe de Deus, no sentido estrito do termo, pois a natureza divina de Cristo é anterior à existência de Maria. Pelo fato de que ela foi criada por Deus, era uma mulher limitada às condições humanas, sem nada de diferente em sua essência.
Pelo ponto de vista protestante, não cabe discutir se Maria teve ou não relações sexuais com seu esposo, José; crê-se somente que ela não as teve antes do nascimento de Cristo, para que seja afirmável que Jesus é o Filho de Deus, não proveniente de homens ou mulheres quaisquer que sejam. A ideia mais crida é que até ao nascimento de Cristo, ela realmente tenha se mantido virgem, e só depois coabitado com seu esposo José (segundo Mateus 1:25), e tido pelo menos mais quatro filhos (Tiago, José, Simão e Judas) e duas filhas (Mateus 12:46-50 e 13:54-56; Marcos 3:31-34 e 6:2, 3; João 7:1-10). O pensamento protestante não acredita que Maria tenha sido levada aos Céus e não acredita que ela possa ser medianeira das graças que vêm de Deus junto a Cristo, baseando sua tese consoante 1ª Timóteo 2:5 e João 14:6. Para essa divisão do Cristianismo, apenas o que a Bíblia declara é norma de fé e doutrina, e nela não se veria qualquer referência a uma possível mediação de Maria.

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S. Francisco de Assis retratado num vitral em Taizé

17 Novembro, 2009 Deixe um comentário

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A oração de S. Francisco de Assis pela voz de Sarah McLachlan

17 Novembro, 2009 1 comentário


Make me a channel of your peace

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Louvado Sejas meu Senhor, pelas Flores!!!!

15 Novembro, 2009 Deixe um comentário

flor

Kangaroo Paw (Anizanthos manglesii)

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24 de Novembro de 2009 – Rezar com S. Francisco de Assis “Irmanando com a Natureza”

11 Novembro, 2009 Deixe um comentário

  1. O R A Ç Ã O
  2. P A R T I L H A
  3. T P C – CÂNTICO DAS CRIATURAS ou CÂNTICO DO SOL, de S. Francisco de Assis

Altíssimo, Omnipotente, Bom Senhor. Teus são o Louvor, a Glória, a Honra e toda a Bênção.

Louvado sejas, meu Senhor,

com todas as Tuas criaturas, especialmente o senhor irmão Sol, que clareia o dia e que, com a sua luz, nos ilumina. Ele é belo e radiante, com grande esplendor; de Ti, Altíssimo, é a imagem.

Louvado sejas, meu Senhor,

pela irmã Lua e pelas estrelas, que no céu formaste, claras. Preciosas e belas.

Louvado sejas, meu Senhor.

pelo irmão vento, pelo ar e pelas nuvens, pelo sereno e por todo o tempo em que dás sustento às Tuas criaturas.

Louvado sejas, meu Senhor,

pela irmã água, útil e humilde, preciosa e casta.

Louvado sejas, meu Senhor,

pelo irmão fogo, com o qual iluminas a noite. Ele é belo e alegre, vigoroso e forte.

Louvado sejas, meu Senhor,

pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa, produz frutos diversos, flores e ervas.

Louvado sejas, meu Senhor,

pelos que perdoam pelo Teu amor e suportam as enfermidades e tribulações.

Louvado sejas, meu Senhor,

pela nossa irmã, a morte corporal, da qual homem algum pode escapar.

Louvai todos e bendizei o meu Senhor!

Dai-Lhe graças e servi-O com grande humildade!

Como segunda forma de rezar, vamos irmanar com a Natureza, ao jeito de S. Francisco de Assis

A lógica é de irmanar com todas as criaturas seguindo o contexto de todos sermos criados por Deus, logo somos todos irmãos pois todos temos o mesmo Pai.

Existo num mundo em que não estou/sou a mais ou a menos, nem acima ou abaixo, mas sim onde estamos todos em pé de igualdade. É a fusão do homem com todo o universo tal qual a lógica de “criaturalidade” de S. Francisco.

A proposta concreta é rezar a Natureza!

arvore

Observar, sentir, maravilhar, deslumbrar, questionar, agradecer, pedir, conversar.

Contemplado todas estas maravilhas, o que Deus me diz através delas?

Para ajudar a concretizar, no meio de tantas maravilhas, foquemo-nos como exemplo nas Árvores e tiremos partido do texto sobre as mesmas, de autoria do Filipe Condado.

Graça a pedir: Fidelidade e Perseverança na Oração.

4. AVALIAÇÃO

NOTA: Vasculhar as casas dos avós, pais e família e procurar por um livro de nome “Imitação de Cristo”.

Pode ter “n” autores, formatos, tamanhos e feitios. Em caso de procura infrutífera, sff adquirir com antecedência.

Árvores (cliquem sobre o link para verem e lerem o texto)


S. Francisco de Assis

Sabias que … (in http://franciscodeassis.no.sapo.pt/home.htm)

Um homem rico que adoptou a “Dama Pobreza”, que foi santo, que foi poeta, ecologista, pacifista, renovador, irmão de todos os seres e que respeitando e venerando acima de tudo a Deus, Jesus Cristo e Maria sua Mãe criou o seu próprio caminho, trilhando em meio a grandes dúvidas e dificuldades, sempre apoiado na sua Fé, no Evangelho e nos seus longos momentos de meditação em que permanecia várias horas em comunhão com Deus recebendo seus ensinamentos e orientações.

Sumário Cronológico da Vida de Francisco de Assis:

sfrancisco

Ano/Acontecimento

1181: Francisco nasce em Assis na Umbria, Itália. É baptizado com o nome de João, no entanto, o pai ao regressar de uma viagem de negócios a França, muda-lhe o nome para Francisco. A família Bernardone vivia da riqueza gerada pelos de tecidos que Pietro, o pai de Francisco negociava. Dona Pica era sua mãe e Ângelo seu irmão.

1193:Clara nasce em Julho, no dia 18, na família Offreduccio, nobre e abastada.

1198 : Na primavera os habitantes de Assis cercam a fortaleza da Rocca, símbolo do poder imperial, e destroem-na.

1199 a 1200: Guerra civil em Assis, entre a nobreza e a burguesia. Esta vence a guerra e funda-se a Comuna.

1202 :Em Novembro rebenta a guerra entre Assis e Perugia, cidade próxima. Francisco luta, como muitos jovens da sua idade, sonhando com as glórias de um cavaleiro bem sucedido na arte de guerrear. Na batalha da ponte de S. João, Francisco é feito prisioneiro e levado para Perugia.

1203: Francisco, enfraquecido e doente, é libertado e regressa a sua casa em Assis.

1204: Recuperação gradual e lenta do jovem de Assis.

1205: Na perseguição do seu sonho de se tornar um jovem cavaleiro coroado de glórias, Francisco ingressa no exército do Papa. Arma-se com toda a pompa e parte na companhia de alguns outros jovens de Assis. Em Espoleto, onde pararam para pernoitar, Francisco tem uma visão em que Deus lhe transmite que deve voltar e servi-lo a Ele (o Senhor) e não ao Papa (o servo).

Nesse verão, a transformação espiritual acentua-se no interior de Francisco. O nosso jovem era o líder da juventude de Assis. Era alegre, bondoso e rico. Participava em muitas festas, ruidosas, que por certo incomodavam alguns habitantes de Assis. Ele e seus amigos interrompiam o silêncio das noites cantando pelas ruas da cidade e dedicando serenatas às jovens da sua preferência. Mas algo tinha mudado em Francisco, desde aquela visão em Espoleto. As festas e jantares com os amigos deixaram de fazer sentido e a pouco e pouco foi-se desinteressando, para espanto de todos em Assis.

Francisco, adquiriu então o hábito de procurar refúgio no meio da natureza que rodeia as muralhas da cidade, onde passava horas em oração e meditação. No fim do ano, aconteceu que ao voltar de seus retiros, Francisco parou na capela de S. Damião que jazia em ruínas no meio do campo a cerca de 3km da cidade. Francisco entrou e fez as suas orações a um crucifixo bizantino, quando ouviu: “Francisco, vai e reconstrói a minha casa, quase a cair em ruínas”. E assim fez.

Francisco, vende alguns tecidos do pai e oferece o dinheiro ao padre de S. Damião que, com receio de Pietro Bernardone, recusa. Francisco, revolta-se e promete a si mesmo nunca mais tocar em dinheiro. Foi o divórcio, que levou a cabo até ao fim do seu tempo. O pai de Francisco toma conhecimento das transformações pelas quais Francisco passava e tenta demovê-lo. Sem sucesso, pai e filho entram em conflito.

1206: Pietro acusa publicamente o filho, que entretanto abandonara o conforto do seu lar para viver na capela de S. Damião. Num julgamento eclesiástico, na Praça de Stª Maria, Francisco perante o bispo de Assis, seu pai e todo o povo, renunciou à vida que até aí tinha levado, a seus bens e ao próprio pai. “De hoje em diante não chamarei meu pai a ninguém deste mundo, mas só Àquele que está no céu.” Francisco despiu-se e entregou a seu pai as próprias roupas do corpo, num gesto de rompimento com a vida que até aí tinha vivido. Aqueles que o chamavam de louco, choraram nesse momento. O bispo D. Guido chorou e mandou que trouxessem um tabardo para vestir Francisco que tiritava de frio. Francisco parte para Gúbio.

Em meados do ano, regressa a Assis, adopta o hábito dos eremitas e inicia a reconstrução de S. Damião.

1207: A partir do verão e até ao princípio do ano seguinte, restaura S. Damião e uma capela dedicada a S. Pedro. Um dia descobre no meio do campo, a cerca de 5km de Assis uma pequena capela dos beneditinos conhecida por Porciúncula (Pequena Porção) e também por Santa Maria dos Anjos, já que a população acreditava quase unanimemente que nas noites de Natal um coro de Anjos era ouvido para os lados da Porciúncula. Dedica-se também à reconstrução desta capelinha com cerca de 7m de comprimento por 4m de largo.

QUEM FOI SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Filho de Pietro e Dona Pica Bernardone, Francisco nasceu entre 1181 e 1182 , na cidade de Assis, província da Umbria no centro da Itália. Seu pai era um rico e próspero comerciante de tecidos, que viajava frequentemente em negócios principalmente para França, de onde trazia a maior parte de suas mercadorias. Foi de lá também que ele trouxe sua linda e bondosa esposa, Dona Pica. A mãe de Francisco, foi de facto a mulher da sua vida e foi ela que emocionado muitas vezes invocou. Francisco sempre nutriu uma atenção e um carinho especial pela relação materna em geral. A sua grande ligação espiritual a Maria, mãe de Jesus, é mais um sinal do seu particular respeito e Amor pelas mães de todo o mundo. Era frequente usar a relação materna em geral, como exemplo de Amor nos seus diálogos e pregações. Em relação ao pai, apesar do amor e respeito que nutria por ele, a relação não foi um exemplo e assim conheceu alguns episódios desagradáveis, nomeadamente quando Pietro prendeu Francisco na cave de sua casa para que este não pudesse sair para suas meditações, para visitar as leprosarias e para praticar caridade junto dos mais desfavorecidos. Outra passagem da história É natural, que a relação de pai e filho tenha sido afectada pelas longas ausências de Pietro. Francisco teve um irmão, de que a história pouco fala.

Francisco sempre fez por seguir os passos de Jesus Cristo. Não podemos deixar de falar sobre o nascimento de Francisco, e da forma como ocorreu.´

Chegado o momento do parto, Dona Pica assistida por várias pessoas que ajudavam, teve muitas dificuldades e o nascimento da criança parecia se complicar.

Eis que batem à porta, e a criada ao atender depara-se com um mendigo que lhe transmite que a senhora da casa deverá dar à luz, no estábulo da casa, junto aos animais.

Dona Pica, ao saber do sucedido, pediu ajuda às criadas para a levarem até ao estábulo. Lá chegada, o nascimento da criança deu-se e foi lhe dado o nome de João. O pai, quando regressou, em homenagem à França, chamou Francisco ao seu filho.

Hoje, o estábulo da casa de Francisco foi transformado numa pequena capela, muito visitada pelos crentes e turistas de todo o mundo. Interessante, o episódio do nascimento de Francisco, que apesar de ser filho de uma família rica e abastada de Assis, nasceu junto aos animais, na palha do estábulo tal como Jesus.

LÍDER DA JUVENTUDE

Francisco era o líder da juventude de sua cidade. Alegre, amante da música e das festas, com muito dinheiro para gastar, tornou-se rapidamente um ídolo entre seus companheiros. Adorava banquetes, noitadas de diversão e cantar serenatas para as belas damas de sua cidade.

CONFLITOS ENTRE FEUDOS E COMUNAS

A Itália, como toda a Europa daquela época, vivia uma fase bastante conflituosa de sua história, marcada pela passagem do sistema feudal (baseado na estabilidade, na servidão e nas relações desiguais entre vassalos e suseranos) para o sistema burguês, com o surgimento das “comunas” livres (pequenas cidades), com seu comércio, artesanato e pequenas indústrias. Com o novo sistema, mudaram-se as relações. O poder dos senhores feudais passou a ser questionado e enfrentado pelos novos senhores, originários das comunas, a maioria deles constituída pelos comerciantes mais abastados, a exemplo de Pedro Bernardone.

Eram frequentes, nesta época, guerras e batalhas entre os senhores feudais e as emergentes comunas. Como todo jovem ambicioso de sua época, Francisco desejava conquistar, além da fortuna, também a fama e o título de nobreza. Para tal, fazia-se necessário tornar-se herói em uma dessas frequentes batalhas. No ano de 1201, incentivado por seu pai, que também ansiava pela fama e nobreza, Francisco partiu para mais uma guerra que os senhores feudais, baseados na vizinha cidade de Perúsia, haviam declarado contra a Comuna de Assis.

Durante os combates, em uma tarde de inverno, Francisco caiu prisioneiro, sendo levado para a prisão de Perúsia, onde permaneceu longos e gelados meses. Para um jovem cheio de vida como ele, a inércia da prisão deve ter sido especialmente dolorosa! Somente seu espírito alegre, seu temperamento descontraído e seu gosto pela música o salvaram do desespero. Encontrava ainda forças para reconfortar e reanimar a seus companheiros de infortúnio.

Costumava dizer, em tom de brincadeira para seus companheiros: “Como quereis que eu fique triste, sabendo que grandes coisas me esperam? O mundo inteiro ainda falará de mim!”

Ao término de um ano foi solto da prisão, retornando para Assis, onde se entregou novamente aos saudosos divertimentos da juventude e às actividades na casa comercial de seu pai.

O INÍCIO DA CONVERSÃO

O clima insalubre da prisão, agravado pelos prolongados meses de inverno, haviam-lhe enfraquecido o organismo, provocando agora uma grave enfermidade. Depois de longos meses de sofrimento, sem poder sair da cama, finalmente conseguiu melhorar. Ao levantar-se, porém, não era mais o mesmo Francisco. Sentiu-se diferente, sem poder compreender a o porquê. A verdade é que a humilhação e o sofrimento da prisão, somado ao enfraquecimento causado pela doença, provocaram profundas mudanças no jovem Francisco. Foi o caminho que Deus escolheu para entrar mais profundamente em sua vida. Já não sentia mais prazer nas cantigas e banquetes em companhia dos amigos. Começou a perceber a leviandade dos prazeres puramente terrenos, embora ainda não buscasse a Deus. Na verdade, Francisco não nasceu santo, mas lutou muito para se tornar santo!

MAIS UMA GUERRA !

Francisco havia perdido o gosto pelos prazeres mundanos, mas conservava ainda a ambição da fama. Por esse motivo, sonhava com a glória das armas e a nobreza, que se conquistavam nos campos de batalha.

Por isso, aderiu prontamente ao exército que o Conde Gentile de Assis estava organizando para ajudar o Papa Inocêncio III na defesa dos interesses da Igreja. Contou para isso com a aprovação entusiasmada do pai, que vislumbrava aí a oportunidade tão longamente esperada de enobrecer sua família. Deus, porém, lhe reservava algumas surpresas…

Antes de partir, num impulso de generosidade, Francisco cedeu a um amigo mais pobre os ricos trajes e a armadura caríssima que havia preparado para si. Isso lhe valeu um sonho estranho: viu um castelo repleto de armas destinadas a ele e a seus companheiros. Francisco não conseguiu entender o significado do sonho. Pensou que estava, talvez, destinado a ser um famoso guerreiro! O fato é que o sonho não lhe saia do pensamento.

O CHAMADO DE DEUS

Ao chegar ao povoado de Espoleto, Deus tornou a lhe falar em sonhos, desta vez com maior clareza, de modo que ele reconheceu a voz divina que lhe perguntava: “A quem queres servir: ao Servo ou ao Senhor?” Francisco respondeu prontamente: “Ao Senhor, é claro!” A voz tornou a lhe falar: “Por que insistes então em servir ao servo? Se queres servir ao Senhor, retorna a Assis. Lá te será dito o que deves fazer!” Francisco entendeu, então, que estava buscando apenas a glória humana e passageira. Estava fazendo a vontade de pessoas ambiciosas e mesquinhas e não a vontade do Senhor do Universo.

RETORNO A ASSIS

Desafiando os sorrisos de desdém dos vizinhos e a cólera de Pedro Bernardone, contrariado em seus projectos, Francisco retornou a Assis, dando prova da energia de seu carácter e do valor do seu ânimo, virtudes que se mostrariam valiosas mais tarde nos percalços de seu novo caminho.

Começou a longa busca e a longa espera: “O que Deus quer de mim? O que Ele quer que eu faça?” Era esse o constante questionamento de Francisco.

Sentia um vazio dentro de si, que as festas, farras, bebedeiras e guerras não conseguiam mais preencher. Estava inquieto e insatisfeito, mas não sabia bem por quê.

Em vão tentaram seus amigos atraí-lo outra vez para suas diversões, banquetes e trovas. Até o fizeram coroar, durante uma festa, como o “Rei da Juventude”, mas nada disso o comoveu. Já não era isso que o atraia. Sua busca era outra…

Para tentar desvendar os desígnios de Deus, passou a se dedicar à oração e à meditação. Percorria campos e florestas em busca de lugares mais tranquilos, em busca de respostas para suas dúvidas e inquietações. Para ele, tudo passou a ter outro sentido. Passou a enxergar as coisas com outros olhos e outro coração.

VIAGEM A ROMA

Em busca de respostas, decidiu viajar para Roma, isso no ano de 1205. Visitou a tumba do Apóstolo São Pedro e, indignado pelo que viu, exclamou: “É uma vergonha que os homens sejam tão miseráveis com o Príncipe dos Apóstolos!” E jogou um grande punhado de moedas de ouro, contrastando com as escassas esmolas de outros fiéis menos generosos. A seguir, trocou seus ricos trajes com os de um mendigo e fez sua primeira experiência de viver na pobreza. Voltou a Assis, à casa paterna, entregando-se ainda mais à oração e ao silêncio. A família e os amigos estavam preocupados com o jovem Francisco: o que lhe estaria acontecendo? Será que ainda estava em pleno juízo? Seu pai, então, não se conformava! Não era isso que ele tinha sonhado para seu filho! Indignado, forçava-o a trabalhar cada vez mais em seu estabelecimento comercial.

O BEIJO NO LEPROSO

Em 1206, passeando a cavalo pelas campinas de Assis, viu um leproso, que sempre lhe parecera um ser horripilante, repugnante à vista e ao olfacto, cuja presença sempre lhe havia causado invencível nojo.

Mas, então, como que movido por uma força superior, apeou do cavalo, e, colocando naquelas mãos sangrentas seu dinheiro, aplicou ao leproso um beijo de amizade. Talvez a motivação para este nobre e significativo gesto tenha sido a recordação daquela frase do Evangelho: “Tudo o que fizerdes ao menor de meus irmãos, é a mim que o fazeis” (Mt 10,42). Falando depois a respeito desse momento, ele diz: “O que antes me era amargo, mudou-se então em doçura da alma e do corpo. A partir desse momento, pude afastar-me do mundo e entregar-me a Deus”.

O CRUCIFIXO DE SÃO DAMIÃO – NOVO CHAMADO DE DEUS

Pouco depois, entrou para rezar e meditar na pequena capela de São Damião, semi-destruída pelo abandono. Estava ajoelhado em oração aos pés de um crucifixo bizantino, que a piedade popular ali venerava, quando uma voz, saída do crucifixo, lhe falou: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja que está em ruínas”. Não percebendo o alcance desse chamado e vendo que aquela Igrejinha estava precisando de urgente reforma, Francisco regressou a Assis, tomou da loja paterna um grande fardo de fina fazenda e vendeu-a. Retornando, colocou o dinheiro nas mãos do sacerdote de São Damião, oferecendo-se para ajudá-lo na reconstrução da capela com suas próprias mãos.

Conhecendo o carácter de Pedro Bernardone, é fácil imaginar sua cólera ao ver desfalcada sua casa comercial e perdido o seu dinheiro. Não bastava já o desfalque que dava ao entregar gratuitamente mercadorias e alimentação para os “vagabundos” necessitados? Agora mais essa! E Francisco teve que se esconder da fúria paterna.

Certo dia saiu resolutamente a mendigar o sustento de porta em porta na cidade de Assis. Para Bernardone isso já era demais! Como podia ele envergonhar de tal forma sua família? Se seu filho havia perdido o juízo, era necessário encarcerá-lo! Assim, Francisco experimentou mais uma vez o cativeiro, desta feita num escuro cubículo debaixo da escada da própria casa paterna. Pelo que sabemos, depois de alguns dias, movida pela compaixão, sua mãe abriu-lhe às escondidas a porta e o deixou partir livremente para seguir o seu destino.

UMA DECISÃO CORAJOSA

Ao final de 1206, Pedro Bernardone, convencido de que nem as razões nem a força podiam torcer o ânimo de Francisco, decidiu recorrer ao Bispo, instaurando-se um julgamento como nunca aconteceu na história de outro santo. O palco do julgamento foi a própria Praça Comunal de Assis, junto à igreja de Stª Maria e à casa do bispo, bem à vista de todos.

Bernardone exigiu que seu filho lhe devolvesse tudo quanto recebera dele. Francisco, ciente da sentença de Cristo: “Quem ama o seu pai ou a sua mãe mais que a Mim, não é digno de Mim” (Mt 19,29), sem vacilar um momento se despojou de tudo até ficar nu, jogou os trajes e o dinheiro aos pés de seu pai, e exclamou: “Até agora chamei de pai a Pedro Bernardone. Doravante não terei outro pai, senão o Pai Celeste”. O Bispo, então, o acolheu, envolvendo-o com seu manto.

Daquele momento em diante, cantando “Sou o arauto do Grande Rei, Jesus Cristo”, afastou-se de sua família e de seus amigos e entregou-se ao serviço dos leprosos, tratando de suas feridas, e à reconstrução das Capelas e Oratórios que cercavam a cidade. Cada dia percorria as ruas mendigando seu pão e convidando as pessoas para que contribuíssem com pedras e trabalho na restauração das “Casas de Deus” que estavam em ruínas.

O LOUCO DE ASSIS

De alguns recebia apoio e incentivo. De muitos, o desprezo e a zombaria. No entender da maioria, o filho de Pedro Bernardone havia perdido completamente o juízo! E não só a garotada da cidade escarnecia dele, chamando-o de louco e outros qualificativos menos nobres.

Mais de uma vez sentiu-se tentado a voltar atrás, quando chegava à porta de seus antigos amigos; mas saía vitorioso nessas lutas entre o orgulho humano e o próprio ideal. Já alguns começaram a reconhecer nele traços do futuro santo, embora ele mesmo ainda não conhecesse claramente sua vocação.

Estava já terminando a restauração da última Igrejinha da redondeza, a capelinha de Santa Maria dos Anjos e perguntava-se o que faria depois. O que mais lhe pediria Deus? Não havia entendido ainda que a Igreja que devia restaurar não era a de pedra, mas a própria Igreja de Cristo, enfraquecida na época pelas divisões, heresias e pelo apego de seus líderes às riquezas e ao poder.

Devia ser aquele o ano de 1209. Certo dia, Francisco escutou, durante a missa, a leitura do Evangelho: tratava-se da passagem em que Cristo instruía seus Apóstolos sobre o modo de ir pelo mundo, “sem túnicas, sem bastão, sem sandálias, sem provisões, sem dinheiro no bolso …” (Lc 9,3). Tais palavras encontraram eco em seu coração e foram para ele como intensa luz. E exclamou, cheio de alegria: “É isso precisamente o que eu quero! É isso que desejo de todo o coração!” E sem demora começou a viver, como o faria em toda a sua vida, a pura letra do Evangelho. Repetia sempre para si e, mais tarde, também para seus companheiros: “Nossa regra de vida é viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo”!

OS PRIMEIROS SEGUIDORES

A partir daquele dia, Francisco iniciou sua vida de pregador itinerante, percorrendo as localidades vizinhas e pregando, em palavras simples, o Evangelho de Cristo.

Muitos começaram, enfim, a compreender o sentido dessa vida e manifestaram o desejo de seguí-la. O primeiro foi um homem rico de Assis, Bernardo de Quintaval. Ao perguntar para Francisco: “O que devo fazer para seguir-te”?, este decidiu, como em todos os momentos decisivos de sua vida, recorrer ao Evangelho para que o próprio Cristo lhes desse a resposta.

O CAMINHO DO EVANGELHO

De manhã, bem cedo, foram ambos à missa. Pelo caminho juntou-se aos dois Pedro de Catânia, doutor em Direito e novo companheiro.

Por três vezes abriram o livro do Evangelho, e as três respostas que encontraram foram as seguintes:

“Se queres ser perfeito, vende o que tens e dá-o aos pobres. Depois vem e segue-me” (Mt 19,21).

“Não leveis nada pelo caminho, nem bastão, nem alforge, nem uma segunda túnica…” (Lc 9,3).

“Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me” (Mt 16,24).

“Isto é o que devemos fazer, e é o que farão todos quantos quiserem vir connosco” – exclamou Francisco, que subitamente viu brilhar uma luz sobre o caminho que ele e seus companheiros deveriam seguir. Finalmente encontrou o que por tanto tempo havia procurado! Isto aconteceu a 24 de fevereiro de 1208, dando início à fundação da Fraternidade dos Irmãos Menores.

No mesmo dia, Bernardo de Quintaval vendeu todos os seus bens e repartiu o dinheiro entre os pobres de Assis.

O PRIMEIRO SACERDOTE FRANCISCANO

O exemplo de Bernardo produziu frutos. O primeiro é o sacerdote Silvestre, que exclamou comovido: “Como posso eu, sacerdote e velho, ser menos generoso que estes jovens e ricos?” E, sem mais, lançou-se com eles na aventura de viver o Evangelho. Tornou-se, assim, o primeiro sacerdote da Ordem Franciscana!

Prontamente aderiram outros: Gil, um modesto lavrador que se tornaria um grande santo; Morico, dedicado ao serviço dos leprosos; Bárbaro, futuro missionário no Oriente; Sabatino, Bernardo de Viridiante, João de Constança, Ângelo, da ilustre família dos Tancredo, aparentado com reis e príncipes; Felipe, grande pregador; e muitos outros…

Juntos, formaram um grupo de mendigos voluntários (daí o adjectivo de Ordem Mendicante dado à Ordem Franciscana), que trabalhavam e rezavam, cantavam e pregavam, maravilhando o povo com a novidade do Evangelho sendo vivido diante de seus próprios olhos. Algumas choupanas cobertas de folhagem, no pitoresco vale do Rivotorto, serviam-lhes de modesto abrigo.

A APROVAÇÃO DA IGREJA

No ano de 1210, Francisco e seus seguidores viajaram até Roma para buscar a aprovação do Papa para o seu modo de vida. Mas como aquele bando de mendigos, maltrapilhos e desconhecidos seria recebido pelo severo Inocêncio III? Francisco rezava e confiava. Afinal, não era o próprio Cristo que o estava conduzindo?

Por coincidência ou providência divina, encontrava-se em Roma, nessa ocasião, o Bispo de Assis, grande admirador de Francisco. Graças a ele o Papa os recebeu.

Inocêncio III ficou maravilhado com o propósito de vida daquele grupo e, especialmente, com a figura de Francisco, a clareza de sua opção e a firmeza que demonstrava. Reconheceu nele o homem que há pouco vira em sonho, segurando as colunas da Igreja de Latrão (a igreja-mãe de todas as Igrejas do mundo!), que ameaçava ruir. O Papa reconheceu que era o próprio Deus quem inspirava Francisco a viver radicalmente o Evangelho, trazendo vida nova a toda a Igreja, naquele tempo tão distanciada dos ensinamentos de Cristo! Por isso deu a seu modo de viver o Evangelho a aprovação oficial da Igreja. Autorizou Francisco e seus seguidores a pregar o Evangelho nas igrejas e fora delas e os despediu com sua bênção. Este fato histórico ocorreu a 16 de Abril de 1210, marcando o nascimento oficial da Ordem Franciscana.

Ao voltar de Roma, Francisco e seus companheiros resolveram ficar por uns tempos em Rivotorto. No lugar de Rivotorto, existia um pequeno casebre, cuja função era apoiar e dar abrigo aos viajantes que pontualmente passavam por ali.

A ÚLTIMA VIAGEM DE FRANCISCO

Recolhido naquele lugar, Francisco sentia-se feliz. A proximidade dos muros que ele havia restaurado e o aroma do bosque vizinho, o reconciliavam com seu passado e o faziam uma só coisa com a criação inteira. Essa cabana humilde era para ele como o melhor palácio. E não é que estivesse apegado a esse lugar. Ao contrário, agora, mais do que antes, tinha o coração desprendido de tudo. Porém sentia em seu íntimo o dever de ser cortês com tudo que Deus havia feito por ele, com tudo o que lhe havia presenteado.

Esta cortesia devia ser muito mais eloquente com seus amigos. Por isso, agradecia a fidelidade e a generosidade de todos os irmãos, começando pelo nobre e leal Bernardo de Quintavale, o primeiro que o Senhor lhe doou.

E como não lembrar-se de irmã Clara, a valente e doce, a dedicada e diáfana? Não podia partir sem enviar-lhe um pequeno recado que lhe expressasse seu carinho. Ditou para ela uma cartinha em que a exortava a perseverar em seus propósitos e lhe pediu que não se excedesse em jejuns e penitências que prejudicassem sua saúde.

Pensou também em sua amiga de Roma, em Jacoba Settesoli, a nobre viúva, que várias vezes o acolheu em sua casa, aquela que de tantas formas colaborou em seus projectos e que, em momentos difíceis, o animou em seu ideal. Estando naquele transe, desejou voltar a vê-la e a mandou chamar por meio de uma carta em que, para apressar sua presença, lhe pedia que trouxesse o indispensável para sua sepultura e alguns dos pasteis de que tanto gostava. Dizem que a carta não chegou a seu destino porque pouco depois entrava a senhora Jacoba acompanhada de seus dois filhos, trazendo muitas coisas, mas, sobretudo, a solidariedade e a nobreza da mais fina amizade.

Essa semana chega ao seu fim e, com ela, as forças de Francisco. Sua vida se extinguia no sábado, 3 de outubro.

Nas primeiras horas do dia, pediu que lhe lessem o relato da Paixão de Jesus Cristo, segundo São João. Enquanto o faziam, lentamente, o enfermo quedava-se imóvel como esquecido de si mesmo. Muitos pensavam que já estivesse morto, mas quando terminou a leitura, voltou a falar para pedir um pão. Tomou-o em suas mãos tremulas, o abençoou e o partiu imitando o gesto de Jesus na última Ceia, e o fez repartir entre os presentes. Quis dizer algo, mas não lhe brotavam palavras.

Em torno da cabana uma atmosfera tensa. Os irmãos não sabiam se orar pelo moribundo ou se interceder ao santo. Uns estavam de pé ao seu lado, solícitos ao menor de seus movimentos; outros, permaneciam de joelhos na capelinha da Virgem. De vez em quando o silêncio era interrompido pela melodia solene do Cântico das Criaturas que ia perder-se entre as árvores do bosque.

Eram cinco da tarde. Francisco suplicou que o desnudassem totalmente e o colocassem sobre a terra. Muitos resistiram em fazê-lo, mas por fim cumpriram seu último desejo. Então, com voz quase imperceptível começou a recitar o Salmo 142, que os irmãos acompanhavam lentamente. “Com minha voz clamei ao Senhor… ele é minha porção na terra dos viventes… Tira, Senhor, minha alma do cárcere, para que eu vá cantar teu nome, pois me esperam os justos e tu me darás meu galardão”.

Quando terminou o Salmo, tudo permaneceu imóvel e em silêncio. Dizem que somente se escutava um leve rumor de asas.

Por todos os caminhos se espalhou a fama de que Assis tinha um novo Santo e nessa mesma noite o vale da Úmbria se viu entrecortado de riachos de luz. A explanada da Porciúncula tornou-se um lago de fogo. E nela ferviam as preces entremeadas com canções. Chorava-se a ausência de Francisco, ao mesmo tempo que se celebrava o Santo.

Sem conter os soluços, mas com devoção profunda, a irmã Jacoba de Settesoli ajudada por outros irmãos vestiu o cadáver com a mortalha que havia trazido. Apesar de sua palidez mortal, o rosto de Francisco não denunciava essa ausência interior que têm os cadáveres. Suas mãos, agora sem vendas e cruzadas sobre o peito, deixavam ver a cavidade arroxeada das chagas e umas protuberâncias negras semelhantes a cravos.

Pelo meio dia, o cortejo se pôs a caminho, em direcção a Assis, mas desta vez, pela estrada de São Damião. Mais que um desfile fúnebre, aquilo parecia a primeira procissão do Santo. Ali, na primeira capela que ele havia restaurado, e à sombra do Crucifixo que iluminara sua existência, foi colocado o féretro durante longo tempo, mas não tanto quanto queriam Clara e suas irmãs, que rodeavam o cadáver, entre pranto e orações. Beijavam, suas feridas e permaneceram a seu lado até que a comitiva continuou a procissão.

O templo de São Jorge tornou-se pequeno para abrigar a multidão. Muitos recordaram que foi ali que o conheceram menino, quando recebia as primeiras lições e que ali mesmo fez sua primeira pregação aos assistentes. Ali, celebraram-se os funerais e ali deixaram enterrado seu corpo até que, quatro anos depois, foi trasladado para a Basílica construída em sua honra.

UMA ORDEM DE IRMÃOS

Cabe aqui ressaltar que a Ordem Franciscana foi criada como uma Ordem de Irmãos, que assumiam a missão de viver e pregar o Evangelho. Não era uma Ordem Clerical (Ordem composta por sacerdotes), como outras que já existiam. O próprio Francisco não quis ser sacerdote e os primeiros frades também não tinham esse objectivo. Desde o início, porém, como vimos pela história de Frei Silvestre, houve o ingresso de alguns sacerdotes já formados, que desejavam ser franciscanos. Algum tempo depois, sobretudo quando Santo António, professor de Teologia, ingressou na Ordem, passou a ensinar Teologia aos frades e alguns deles passaram a se ordenar sacerdotes. Mais tarde, devido principalmente às necessidades da Igreja, a maioria dos frades passou a se ordenar. Mas até hoje, dentro da ordem Franciscana, convivem como irmãos, em igualdade de condições, frades sacerdotes e não sacerdotes (estes chamados outrora de irmãos leigos, por não serem sacerdotes), cada um exercendo a sua função. Esse é, sem dúvidas, um dos aspectos mais belos da Ordem criada por São Francisco.

Obs.: A sigla O.F.M., que geralmente aparece depois do nome dos frades, quer dizer Ordem dos Frades Menores.

AS DIVERSAS ORDENS FRANCISCANAS

Durante os quase 800 anos que nos separam daquele belo início da Ordem, surgiram divergências devido às diferentes compreensões sobre a melhor maneira de continuar a viver o ideal franciscano. Alguns queriam viver exactamente como Francisco e seus primeiros seguidores. Outros sentiam a necessidade de adaptar a maneira de viver às exigências dos novos tempos. E assim começaram as divisões. Como consequência temos hoje quatro Ordens Franciscanas masculinas, chamadas de Primeira Ordem:

Ordem dos Frades Menores. Sigla: OFM

Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Sigla: OFM Cap

Ordem dos Frades Menores Conventuais. Sigla: OFM Conv

Frades da Terceira Ordem Regular. Sigla: TOR

FRANCISCO É AINDA O FUNDADOR DE MAIS DUAS ORDENS FRANCISCANAS:

A Ordem das Irmãs Clarissas – chamada de 2ª Ordem – destinada às religiosas reclusas (contemplativas), seguidoras de Santa Clara de Assis.

A Ordem Franciscana Secular – chamada de 3ª Ordem – destinada aos leigos, casados ou solteiros.

OFS – OS LEIGOS – SOLTEIROS OU CASADOS -TAMBÉM PODEM SER FRANCISCANOS !

Francisco não abriu caminho apenas para os Religiosos consagrados pelos votos de Pobreza, Obediência e Castidade (que fazem parte de uma Congregação ou Ordem Religiosa) viverem o Evangelho, mas também para leigos, casados ou solteiros.

Trata-se da Ordem Franciscana Secular, cuja sigla é OFS. É a maneira que Francisco encontrou para não excluir ninguém da possibilidade de ser seguidor ou seguidora de Cristo, à sua maneira. Na Ordem Franciscana Secular qualquer cristão ou cristã pode viver o ideal franciscano, fazendo parte de uma Fraternidade Franciscana.

RAMO FEMININO DA ORDEM FRANCISCANA – AS CLARISSAS

claradeassis

Francisco, além de fundar a 1ª Ordem Franciscana (masculina), foi também o fundador da 2ª Ordem Franciscana, conhecida também por Ordem de Santa Clara, abrindo assim a vivência do ideal franciscano para o ramo feminino. A primeira religiosa franciscana foi a jovem Clara Offreduccio, mais tarde chamada de Santa Clara de Assis, jovem de família nobre e admiradora de Francisco desde que o conhecera como “Rei da Juventude” pelas ruas e festas de Assis. Passou a admirá-lo mais ainda, quando se tornou um inflamado pregador da alegria e da paz, da pobreza e do amor de Deus, não só através de palavras mas com o exemplo de sua própria vida.

Era isso precisamente o que almejava a jovem Clara. Não estava satisfeita com os esplendores do palácio de sua família, nem com o sonho do futuro enlace principesco ao qual seus pais a estavam encaminhando. Sonhava com uma vida mais cheia de sentido, que lhe trouxesse uma verdadeira felicidade e realização. O estilo de vida dos frades a atraia cada vez mais.

Depois de muitas conversas com Francisco, aos 18 de março de 1212, (Domingo de Ramos), saiu de casa sorrateiramente em plena noite, acompanhada apenas de sua prima Pacífica e de outra fiel amiga, e foi procurar Francisco na Igrejinha de Santa Maria dos Anjos, onde ele e seus companheiros já a aguardavam.

Frente ao altar, Francisco cortou-lhe os longos e dourados cabelos, cobrindo-lhe a cabeça com um véu, sinal de que a donzela Clara fizera a sua consagração como Esposa de Cristo. Nem a ira dos seus parentes, nem as lágrimas de seus pais conseguiram fazê-la retroceder em seu propósito. Poucos dias depois, sua irmã, Inês, veio lhe fazer companhia, imbuída do mesmo ideal. Alguns anos após, sua mãe, Ortulana, juntamente com sua terceira filha Beatriz, seguiu Clara, indo morar com ela no convento de São Damião, que foi a primeira moradia das seguidoras de São Francisco.

Com o correr dos anos, rainhas e princesas, juntamente com humildes camponesas, ingressaram naquele convento para viver, à luz do Evangelho, a fascinante aventura das Damas Pobres, seguidoras de São Francisco, muitas das quais se tornaram grandes exemplos de santidade para toda a Igreja.

As Irmãs Clarissas vivem um estilo de vida contemplativa, sendo enclausuradas. Quer dizer que não têm, normalmente, uma actividade pública no meio do povo, dedicando-se mais à oração, à meditação e aos trabalhos internos dos mosteiros.

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