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Arquivos para Março 2011

MORTE DE JUDAS

19 Março, 2011 Deixe um comentário

Neste tempo de conversão e reflexão quaresmal, em que somos convidados a um crescimento interior, a procurar o Mais, deixamos uma sugestão cultural.
O TEATRO DA CORNUCÓPIA vai levar à cena a peça de Paul Claudel, MORTE DE JUDAS. O espectáculo assinado por Dinarte Branco, Luis Miguel Cintra e Cristina Reis, é um monólogo de 40 minutos e estará em cena no Teatro do Bairro Alto (Rua Tenente Raul Cascais 1A, em Lisboa) de 24 de Março a 3 de Abril.

MORTE DE JUDAS é como uma carta do Tarot. Ao lado da cruz, imagem simbólica de uma História feita à luz da ideia de um Deus que se fez carne, num curto monólogo, Claudel mostra uma “carta” que não é a da cruz de Cristo, com outro madeiro, a figueira, onde Judas, o Apóstolo para sempre associado ao Mal, à Traição e ao Demónio, depois de trair Cristo, se enforcou. Faz o exercício de lhe dar voz, de, em oposição aos textos sagrados, contar a Morte de Cristo pelo ponto de vista de quem desencadeou toda a Paixão. Ao contrário dos Evangelhos que mitificam a narrativa dos acontecimentos, Judas fala do lugar do Homem, fala enforcado, e resgata a sua condenação moral com um ponto de vista exemplarmente dialéctico em que demonstra como a sua traição serviu Deus. A figueira, árvore viva e de ramos em todas as direcções torna-se no símbolo da crítica, da lucidez, do materialismo, do próprio “livre arbítrio”, do próprio Homem, e opõe-se para sempre à cruz, madeira já morta, indicadora do caminho da salvação.
É Dinarte Branco quem interpretará essa fala do enforcado. Trabalhou o monólogo em diálogo com Luis Miguel Cintra e Cristina Reis. O resultado é um estranho e incómodo “objecto”, o monumento a que o Mal não tem direito. Essa estátua ali fica para sempre e afirma, por outras palavras a frase popular: “Deus escreve direito por linhas tortas”. E que é o Homem quem trabalha para Deus.

Segundo as palavras de Luis Miguel Cintra, “O que tornou Judas grande não foi a vaidade de pôr Deus em causa, foi a sua humanidade de pecador, o gesto da sua traição e a morte que a si próprio depois deu, foi aquilo que deu a Deus a oportunidade de salvar os homens todos com um sofrimento decidido pelos homens e de, assim, humanizando o seu sacrifício, o abraçar na sua imperfeição, e devolver à humanidade a condição de criação divina.”

Os capítulos 26 e 27 do Evangelho segundo São Mateus são lidos pela voz de Luis Miguel Cintra. Esta inserssão biblíca no início do espectáculo procura apresentar “uma reflexão sobre a relação do Homem com o Deus do Cristianismo”.

Que esta sugestão teatral seja mais um meio para nos ajudar a preparar interiormente para acompanhar Cristo na sua morte e ressurreição e celebrarmos a Páscoa no nosso coração, na nossa Vida.

MORTE DE JUDAS de Paul Claudel

Um espectáculo de Dinarte Branco, Luis Miguel Cintra e Cristina Reis

Tradução: Regina Guimarães
Interpretação: Judas Dinarte Branco; Voz Luis Miguel Cintra

Colaboração artística de: Leonor Salgueiro; Colaboração técnica (som): Joaquim Pinto e Nuno Emanuel; Direcção técnica: Jorge Esteves; Montagem: João Paulo Araújo, Abel e Rui Seabra

Curta série de representações

24, 25, 26, 27 e 31 de Março 1, 2 e 3 de Abril.
Teatro do Bairro Alto, em Lisboa.

(ver Agência Ecclesia)

Arquivado em:Geral Marcados com:Dinarte Branco, Luis Miguel Cintra, Morte de Judas, Paul Claudel, Quaresma, teatro, Teatro da Cornucópia

1 de Março de 2011 – Beatas Teresa, Sancha e Mafalda

3 Março, 2011 Deixe um comentário

As três Beatas Teresa, Sancha e Mafalda, também chamadas de Raínhas Santas,eram filhas de D. Sancho I (netas de Afonso Henriques).

Nascidas e criadas na Corte, acabaram todas por abraçar a vida religiosa,apesar de duas delas terem chegado a casar.

As suas muitas obras de misericordia e piedade, levaram a que fossem reconhecidas pelo Povo que,

devotamente, lhes dedicou culto desde muito cedo.

Teresa e Sancha são Beatificadas pelo Papa Clemente XI, a 13 de Dezembro de 1705,

pela Bula Sollicitudo Pastoralis Offici, celebrando-as Igreja nos dias 17 de Junho e 11 de Abril, respectivamente.

Mafalda é Beatificada pelo Papa Pio VI em Março de 1792 e a sua Festa é no dia 2 de Maio.

Beatas Teresa, Sancha e Mafalda – André Gonçalves, 1735

História

B e a t a T e r e s a (1177-1250)

Casou com Afonso IX de Leão e teve três filhos (Sancha, Dulce e Fernando), mas o casamento foi considerado nulo por consaguinidade. D. Afonso casa de novo com Berengária de Castela e tem cinco filhos, mas este casamento é considerado nulo pelo mesmo motivo que o anterior.

D. Afonso acaba por declarar guerra ao Rei de Portugal sustentado em supostos direitos decorrentes do casamento desfeito e D. Teresa regressa então a Portugal e recolhe-se no Lorvão onde existia já um convento beneditino que, no ano de 1200, esta reforma numa Abadia Cisterciense e onde toma o hábito. Esta comunidade chegará a ter mais de trezentas freiras.

À morte de D. Afonso, em 1230, abre-se a disputa entre os filhos dos seus dois casamentos, até porque D. Afonso havia deserdado o filho primogénito do segundo casamento e legado o Reino às duas Filhas de Teresa.

D. Teresa intervém nesta disputa e permite que Fernando III de Castela assuma o Trono de Leão.Esta não é aliás a única querela dinástica em que Teresa tem um papel relevante; nos últimos anos da sua vida, foi a sua intervenção que põs um fim nas contendas entre seus sobrinhos D. Sancho II e D. Afonso III.

B e a t a S a n c h a (1180-1229)

Assim que toma posse da Vila de Alenquer que seu Pai lhe legou, funda aí dois conventos – um Dominicano e outro Franciscano- revelando a sua devoção e especial protecção pelas ordens mendicantes. Manda também edificar aprimitiva Igreja do Redondo.

Em 1210, funda em Celas (Coimbra) o Mosteiro de Santa Maria de de Celas da ordem de Cister, o qual segundo a lenda, foi a concretização de um sonho de criança.

D. Sancha, nesta ocasião, mandou vir religiosas de uma pequena comunidade já existente no Lorvão e em Alenquer que tomou sob a sua protecção, com a intenção de fundar uma comunidade monástica. No início, o número de religiosas não ultrapassava uma dezena, mas no séc. XVI ultrapassava já uma centena.

É em Celas que D. Sancha toma o hábito e vive uma vida de austeridade e oração àté à morte a 13 de Março de 1229. D. Teresa, manda então transladar o corpo da Irmã para Lorvão e toma sob sua protecção a Comunidade de Celas.

B e a t a M a f a l d a (1195-1256)

D. Sancho I entrega a educação desta sua Filha a D. Urraca, uma das filhas de Egas Moniz, confirmando a confiança que seu Pai depositava nesta família.

D. Mafalda chega a casar com Henrique I de Castela, em 1215, mas o facto deste ser ainda menor e de ter morrido prematuramente, acarreta a dissolução do matrimónio não consumado.

Pela morte de seu Pai Mafalda deveria receber a Vila e Castelo de Seia e Mosteiro de Bouças assim como todos os rendimentos respectivos. Também herdou o direto de usar o título de Raínha enquanto detivesse o Castelo.

Este facto gerou uma contenda com o seu Irmão Afonso II, que temia a divisão do teritório e um enfraquecimento do seu poder, situação que só foi resolvida com Sancho II, em 1223, o qual concede às Tias os rendimentos deixados por seu Pai na condição de que abdiquem dos títulos de Rainha.

Também Mafalda escolheu o recolhimento do Claustro e adaptou o mosteiro beneditino de Arouca para a Ordem de Cister, onde se consagra e vive até à morte. O seu corpo incurrupto ainda lá se encontra sepultado, sendo a Beata Mafalda padroeira de Arouca (a Raínha Santa integra mesmo o Brasão da Vila de Arouca).

As obras da Igreja serão o destino da totalidade dos seus bens, abrangendo não apenas o Mosteiro de Arouca mas vários outros Mosteiros, assim como as Sés do Porto e Lamego e ainda várias Ordens religiosas.

Ficou conhecida pela sua generosidade e despreendimento e pela atenção ao próximo.

Pistas para Rezar:

  • Acção e Contemplação

As vidas das três Beatas de Portugal foram marcadas por muitos acontecimentos: o nascimento na Corte, casamentos desfeitos, filhos, querelas dinásticas, guerras, acabando cada uma por abraçar a vida monástica e tomar o Hábito da Ordem de Cister[i], ordem contemplativa que se rege pela Regra de S. Bento.

Os seus percursos convidam-nos a reflectir como a Santidade se traduz na procura, em cada momento e seja qual for o desafio que nos é colocado, sobre qual a intenção de Deus para a nossa vida e a viver em conformidade com essa escuta.

Pista 1: Acção e Contemplação

Nestes dias em que o cansaço parece dominar e o tempo nos atropela, inspirados pelas vidas das três Beatas de Portugal vamos rezar a Acção/ Contemplação.

O ponto de partida é ter presente que Jesus não nos pede para caminhar sózinhos mas com Ele.Pedimos pois que, por intercessão das Beatas de Portugal, nos saibamos abrir neste descernimento à Graça de Deus e ao Dom do Espírito Santo.

Procuremos ser activos na contemplação e contemplativos na acção e olhemos para o momento particular das nossas vidas:

  • Como vivo este desafio Acção/ Contemplação?
  • Como me olha Jesus agora?
  • O que me inquieta? O que me causa conflito interior e me cansa para além do cansaço físico?
  • Em que preciso de ajustar as minhas prioridades ao que Jesus me pede?

Pista 2: Amar a Igreja

Para além das obras de misericórdia que marcaram os seus percursos e as tornaram alvo de culto popular desde cedo, estas Irmãs amaram a Igreja de forma muito particular, promovendo a construção de Mosteiros e Conventos e acolhendo sob a sua protecção Comunidades Religiosas.

Aproveitemos a este exemplos para reflectir a nossa relação com a Igreja:

  • Coloco-me ao serviço?
  • Estou comprometido a algum nível?
  • O que faço para retribuir à Igreja o que esta me transmite?

Raínha Santa Mafalda

Pista 3: Fazer dos Salmos “alimento”

Em 2009, D. Manuel Clemente, esteve em Arouca no dia em que é celebrada a sua Padroeira e durante a Homilia, referindo-se à Herança espiritual que a Rainha Santa Mafalda nos deixou, evocou as palavras do Papa Pio VI, que a declarou bem-aventurada, enaltecendo a atenção e dedicação de Mafalda por tudo aquilo que dizia respeito à vida das pessoas.

O Bispo do Porto evocou o testamento da Beata no qual deixou dito expressamente referindo-se ao Saltério “de que me nutri”. D. Manuel Clemente convidou todos os presentes na ocasião a imitarem Mafalda, alimentando-se da Palavra de Deus e desafiou-os mesmo a rezarem um Salmo por dia, actualizando sua a herança espiritual.

  • Aproveitemos a Sugestão de D. Manuel Clemente e rezemos diariamente apoiados nos Salmos

1 Março de 2011

Salmo 49 (50), 5-6.7-8.14 e 23 (R. cf. 23b)
Refrão: A quem segue o caminho rectodarei a salvação de Deus.

Reuni os meus fiéis,
que selaram a minha aliança com um sacrifício.
– Os céus proclamam a sua justiça:
o próprio Deus vem julgar.

Ouve, meu povo, que Eu vou falar,
contra ti vou testemunhar:
Não é pelos sacrifícios que Eu te repreendo,
os teus holocaustos estão sempre na minha presença.

Oferece a Deus sacrifícios de louvor
e cumpre os votos feitos ao Altíssimo.
Honra-Me quem Me oferece um sacrifício de louvor,
a quem segue o caminho recto
darei a salvação de Deus.

2 de Março de 2011:

Salmo 78 (79), 8.9.11.13 (R. cf. Sir 36, 1b)

Refrão: Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia


Não recordeis, Senhor, contra nós
as culpas dos nossos pais.
Corra ao nosso encontro a vossa misericórdia,
porque somos tão miseráveis.
Ajudai-nos, ó Deus, nosso salvador,
para glória do vosso nome.

Salvai-nos e perdoai os nossos pecados,
para glória do vosso nome.
Chegue à vossa presença, Senhor,
o gemido dos cativos;
pela omnipotência do vosso braço,
libertai os condenados à morte.

E nós, vosso povo,
ovelhas do vosso rebanho,
louvar-Vos-emos para sempre
e de geração em geração cantaremos a vossa glória.

3 de Março de 2011

Salmo 32 (33), 2-3.4-5.6-7.8-9 (R. 6a)
Refrão: A palavra do Senhor criou os céus.

Louvai o Senhor com a cítara,
cantai-Lhe salmos ao som da harpa.
Cantai-Lhe um cântico novo,
cantai-Lhe com arte e com alma.

A palavra do Senhor é recta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a rectidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor.

A palavra do Senhor criou os céus,
o sopro da sua boca os adornou.
Foi Ele quem juntou as águas do mar
e distribuiu pela terra os oceanos.

A terra inteira tema ao Senhor,
reverenciem-n’O todos os habitantes do mundo,
porque Ele disse e tudo foi feito,
Ele mandou e tudo foi criado.

4 de Março de 2011

Salmo 149, 1-2.3-4.5-6a e 9b (R. 4a)
Refrão: O Senhor ama o seu povo.
Ou: Aleluia.


Cantai ao Senhor um cântico novo,
cantai ao Senhor na assembleia dos santos.
Alegre-se Israel em seu Criador,
rejubilem os filhos de Sião em seu Rei.

Louvem o seu nome com danças,
cantem ao som do tímpano e da cítara,
porque o Senhor ama o seu povo,
coroa os humildes com a vitória.
Exultem de alegria os fiéis,
cantem jubilosos em suas casas;
em sua boca os louvores de Deus.
Esta é a glória de todos os seus fiéis.

5 de Março de 2011

Salmo 18 B (19 B), 8.9.10.11 (R. 9a)
Refrão: Os preceitos do Senhor alegram o coração.

A lei do Senhor é perfeita,
ela reconforta a alma.
As ordens do Senhor são firmes
e dão sabedoria aos simples.
Os preceitos do Senhor são rectos
e alegram o coração.
Os mandamentos do Senhor são claros
e iluminam os olhos.

O temor do Senhor é puro
e permanece eternamente.
Os juízos do Senhor são verdadeiros,
todos eles são rectos.

São mais preciosos que o ouro,
o ouro mais fino;
são mais doces que o mel,
o puro mel dos favos.

6 de Março de 2011

Salmo 30 (31), 2-3a.3bc-4.17.25 (R. 3b)
Refrão: Sede o meu refúgio, Senhor.

Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido,
pela vossa justiça, salvai-me.
Inclinai para mim os vossos ouvidos,
apressai-Vos em me libertar.

Sede a rocha do meu refúgio
e a fortaleza da minha salvação;
porque Vós sois a minha força e o meu refúgio,
por amor do vosso nome, guiai-me e conduzi-me.

Fazei brilhar sobre mim a vossa face,
salvai-me pela vossa bondade.
Tende coragem e animai-vos,
vós todos que esperais no Senhor.

7 de Março de 2011

Salmo 111 (112), 1-2.3-4.5.6 (R. cf. 1a)
Refrão: Feliz o homem que espera no Senhor. Repete-se
Ou: Aleluia.

Feliz o homem que teme o Senhor
e ama ardentemente os seus preceitos.
A sua descendência será poderosa sobre a terra,
será abençoada a geração dos justos.

Haverá em sua casa abundância e riqueza,
a sua generosidade permanece para sempre.
Brilha aos homens rectos, como luz nas trevas,
o homem misericordioso, compassivo e justo.

Ditoso o homem que se compadece e empresta
e dispõe das suas coisas com justiça.
Este jamais será abalado;
o justo deixará memória eterna.

8 de Março de 2011

Salmo 111 (112), 1-2.4 e 7.8-9ab (R. cf. 7c)
Refrão: Feliz o homem que espera no Senhor Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se

Feliz o homem que teme o Senhor
e ama ardentemente os seus preceitos.
A sua descendência será poderosa sobre a terra,
será abençoada a geração dos justos.

Brilha aos homens rectos como luz nas trevas
o homem misericordioso, compassivo e justo.
Ele não receia más notícias,
seu coração está firme, confiado no Senhor.

O seu coração é inabalável, nada teme
e verá os adversários confundidos.
Reparte com largueza pelos pobres,
a sua generosidade permanece para sempre.


[i] A Ordem de Cister ou Ordem Cisterciense da Estricta Observância[i] (também conhecidos por Trapistas) é uma ordem contemplativa que teve origem (1098) numa ruptura com a Ordem de Cluny, e com o desejo dos seus fundadores em restaurar o rigor da Regra de S. Bento e a viver mais fiel e radicalmente o Evangelho, em particular a pobreza.

Arquivado em:TPC Marcados com:CVX; Santo; Santa; Santos; Beata; TPC

15 de Fevereiro de 2011 – Santo António de Lisboa

3 Março, 2011 Deixe um comentário

Santo António de Lisboa

Santo António de Lisboa, internacionalmente conhecido como Santo António de Pádua, OFM (Lisboa, 15 de Agosto de 1191-1195 ? – Pádua, 13 de Junho de 1231), de seu nome de baptismo Fernando de Bulhões, foi um Doutor da Igreja que viveu na viragem dos séculos XII e XIII.

Foi frade agostiniano, tendo ingressado como noviço (1210) no Convento de São Vicente de Fora, em Lisboa, tendo posteriormente ido para o Convento de Santa Cruz de Coimbra, onde fez seus estudos de Direito. Tornou-se franciscano em 1220 e viajou muito, vivendo inicialmente em Portugal, depois em Itália e em França. No ano de 1221 passou a fazer parte do Capítulo Geral da Ordem de Assis, a convite do próprio Francisco, o fundador. Foi professor de Teologia e grande pregador. Foi convidado por São Francisco a pregar contra os Albigenses[i] em França. Foi transferido depois para Bolonha e de seguida para Pádua, onde morreu aos 36 (ou 40) anos.

Santo António de Lisboa é considerado por muitos católicos, um grande taumaturgo[ii], sendo-lhe atribuído

um notável número de milagres, desde os primeiros tempos após a sua morte até aos dias de hoje.

Protector dos noivos, é tradição em Lisboa realizar-se um casamento colectivo, no dia 13 de Junho, na sua igreja, junto à Sé de Lisboa

Os Sermões Dominicais e Festivos

Muitos escritos são atribuídos a Santo António, na sua maioria apócrifos. Segundo os estudiosos, os Sermões Dominicais e Festivos são a única obra autêntica escrita por Frei António, com a marca da sua personalidade e espiritualidade.

Trata-se de 53 sermões dominicais, escritos em Pádua, no decurso do triénio pastoral como provincial para o Norte da Itália (1227–1230). A estes somam-se mais 4 para as festividades marianas. Os Sermões são mais precisamente um manual de pregação do que propriamente sermões ou homilias escritas.

Existe um sermão para cada domingo ou festividade, cujo desenvolvimento é feito com base no texto do evangelho da liturgia a que se refere, sendo o texto normalmente explicado segundo os quatro sentidos da interpretação escolástica: o sentido literal, o anagógico[iii] (em relação à vida eterna), o alegórico e o moral.

Para fundamentar a sua interpretação do texto Frei António recorre à patrística[iv]: são muito frequentes as citações de Santo Agostinho, Santo Ambrósio, São Jerónimo, São Gregório, São Bernardo e de outros, todos Padres da Igreja. Igualmente, Frei António, para ilustração de temas filosóficos ou morais, recorre a citações de Aristóteles, Cícero, Séneca e de outros pensadores gregos e romanos.

Bom franciscano que era, Frei António abrilhanta os temas com referências à observação da natureza e ao saber científico da época.

  • Lê-se na história natural que as abelhas pequenas são as mais laboriosas, têm asas subtis e cor negra, como se fossem queimadas. Sermão do 3.º Domingo da Quaresma, IV-4
  • A história natural diz-nos que o veado apascenta na estrada movimentada, porque sabe que o lobo evita a estrada frequentada pelo homem. Sermão do 3.º Domingo da Quaresma, Em louvor… 4

O fim último dos Sermões é a glória de Deus, mas o seu fim específico e imediato é a instrução dos crentes e o desejo de lhes oferecer uma ajuda para a sua vida religiosa e o necessário saber para o precioso anúncio da palavra de Deus.

  • Para glória de Deus e edificação das almas, para consolação dos leitores e ouvintes, para o aprofundamento do sentido das Sagradas Escrituras, recorrendo aos vários passos do Antigo e Novo Testamento, constituímos um transporte com o qual nos elevaremos da terra ao céu… Prólogo 5

Atribuições: livro, pão, Menino Jesus e lírio

Padroeiro: Pádua, pobres, mulheres grávidas, casais, pessoas que desejam encontrar objectos perdidos, oprimidos, entre outros

Espiritualidade de Santo António

«Uma das marcas relevantes da espiritualidade franciscana, que de algum modo se pressente no Santo português, é o entendimento do mundo do homem no quadro de uma interioridade que não o fecha sobre si próprio, estimulando um movimento de abertura e de relação solidária a tudo o que o cerca, no âmbito de um já muito vincado optimismo na valorização da criação como obra de Deus. A espiritualidade antoniana permanecerá muito permeável, na forma como viveu a perspectiva da interioridade e da pobreza, ao concreto, à natureza e à relação humana. A interioridade acentua a ideia de dependência em relação aos outros homens bem como ao conjunto da criação, numa espiritualidade eminentemente prática e vivencial.

Santo António não esquecerá a excelência da contemplação, mas sublinhará não obstante a circunstância terrena do homem como corpo e alma, sem deixar de considerar que a abertura à exterioridade não transforma o amor aos outros e às criaturas no apego à posse das coisas, estando neste caso o culto da pobreza, nomeadamente as críticas severas que dirigiu aos prelados e dignatários eclesiásticos, por se comprazerem nos luxos do século.

Tratando-se de uma espiritualidade que não esqueceu a dimensão prática e vivencial, equacionou também a relação entre a acção e a contemplação no quadro da mística. Filha da vontade e do amor, numa alienatio mentis que supera o plano estritamente racional para que a alma, inteiramente conduzida pela graça, contemple Deus como em espelho ou em enigma, a mística tão-pouco representará uma renúncia à vida activa, nem às exigências da vertente racional do homem, porque a alma volta e regressa à vida activa para a realizar com maior perfeição, numa confluência entre o entender e o contemplar, o saber e a sabedoria.»

TPC

1) Ler a breve descrição biográfica de Santo António.

2) Com base neste texto e inspirados por Santo António:

  • Nestes 15 dias vamos procurar abrirmo-nos a uma relação solidária com tudo o que nos rodeia.
  • Vamos procurar rezar com a natureza e tentar perceber o que Deus nos diz através desta.
  • Vamos procurar simplificar a nossa vida num ponto específico, tentando valorizar o essencial.
  • Tentar avaliar (num exame de consciência, por exemplo) como no nosso dia a dia relacionamos a acção com a contemplação

Partilharemos o resultado desta experiência.

Ainda de Santo António a sua cronologia:

Cronologia

  • c. 1191/1195 – Fernando Bulhões nasceu em Lisboa (data oficial: 15 de Agosto de 1195).
  • 1210/11 – Ingressou, como noviço, na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, no Mosteiro de São Vicente de Fora.
  • 1213/14 – Ingressou no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra.
  • 1220 – Trocou o hábito de agostinho pelo de frade franciscano, recolhendo-se ao Convento dos Olivais, onde adoptou o nome de Frei António.
  • 1221 – Embarcou para o Norte de África. Gravemente enfermo, retornou a Portugal. Durante a viagem de regresso, uma forte tempestade empurrou a embarcação que o transportava para a Sicília.
  • 1222 – Assistiu ao Capítulo Geral da Ordem, em Assis, onde conheceu Francisco de Assis. Foi nomeado pregador da Ordem.
  • 1223 – Ensinou Teologia aos frades menores.
  • 1225 – Partiu para o Sul de França para combater a heresia Albigense. Ensinou Teologia em Montpellier e em Toulouse; pregou em Puy e em Limonges.
  • 1227 – Após a morte de Francisco de Assis regressou à Itália para assistir ao Capítulo da Ordem, em Assis. Foi nomeado Provincial da Itália Setentrional.
  • 1228 – Na Basílica de São João de Latrão, em Roma, pregou diante do Papa Gregório IX.
  • 1229 – Concluiu em Pádua a redação dos “Sermões Dominicais”.
  • 1230 – Iniciou a redacção dos “Sermões Festivos”.
  • 1231 – Dirigiu-se a Pádua para acabar os seus dias. No caminho, em Arcella, faleceu a 13 de Junho, com 36 a 40 anos de idade.
  • 1232 – Foi solenemente canonizado por Gregório IX, a 30 de Maio, na catedral de Spoleto.
  • 1946 – Pela Carta Apostólica “Exulta Lusitanis Fidelis“, o Papa Pio XII declarou-o “Doutor Evangélico”.


[i] Individuo partidário de uma seita religiosa e politica que se difundiu no sec XII pelo sul de França, principalmente em Albi.

[ii] (Gr.Thaumatourgós« Thauma, Thaumatos, coisa maravilhosa + érgon, obra, trabalho) Aquele que opera milagres.

[iii] Anagogia (Gr. Aná, para cima + agogé, acção de conduzir) elevação, arrebatamento da alma, interpretação simbólica dos textos sagrados.

[iv] Ciência que se ocupa da doutrina dos Santos Padres e da historia dessa doutrina.

Arquivado em:TPC Marcados com:CVX; Santos; Santo; Santo António; TPC

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