Quem está por trás,
Ao pedir e ao dar?
Pessoas, com pressa,
Passam e desaparecem,
Dão e ausentam-se,
Continuam a achar-se.
Ficam as outras, ausentes,
Os rostos presentes,
Sorvendo a dádiva.
Acreditamos assim,
Que cumprimos, exemplares,
O nosso dever social,
De ajuda àquele, o tal,
Que afinal desconhecemos,
Não se materializa, não tem alma,
Pois que nem corpo para nós tem.
E quem recebe a moeda,
Parece ficar satisfeito,
Daí tira o proveito,
Mata a fome desse dia;
Fica com outra contudo:
Da relação que não lhe veio.
A solidão persiste,
Sustentada, o ano inteiro.
É assim que facilmente se perde,
No reboliço de vidas,
O que sabemos ser capital,
O que permite continuar,
A andar, e a durar,
Persistir no caminhar:
É o olhar e ver o outro,
Saber dar tempo e parar,
Dar dando-se, e também o que temos,
Existir para além de nós mesmos,
E do que sozinhos podemos alcançar.
Não somos o que possuímos,
Somos o que entregamos,
Como doação de vida;
O que deixamos ver,
Lá do fundo de nós!
Se é esmola dar o que temos,
Àqueles que o não têm,
Comecemos então pelo que,
De forma abençoada recebemos:
O AMOR de nosso Senhor Jesus.