A sensação de virar a última página de um livro após lê-lo, o último ponto final… e recostando-se para trás, expirar e deixar-se ficar, ainda dentro do cenário da estória, (qual meditação ou exercício de vivências), faz a analogia, bem como os outros pontos e vírgulas ao longo do mesmo, da noção de “permanecer” que quero abordar.
A estória que é a nossa vida está cheia de vírgulas e pontos, sendo que a vírgula pressupõe uma continuação mais que uma paragem, paragem essa dada pelo ponto, em que respiramos e efetivamente ficamos por momentos parados. É nos pontos parágrafos que assimilamos o que foi lido (vivido), porquanto as vírgulas nos dizem que não é tempo de afrouxar. E se olharmos para este nosso próprio livro, verificamos que há parágrafos intermináveis, em que durante muito tempo não damos espaço para pontos, só vírgulas, teimando em achar que ainda assim o texto (vida) é inteligível, coeso e conexo. E se avançamos desta forma, durante muito tempo continuamos, para a frente, em catadupa, sem fazer um ponto, ou seja, sem parar.
Para “permanecer” é preciso parar, nem que seja para perceber no que permanecemos. Para que seja um ato voluntário, consciente e plenamente vivido. Insólito é pensar que não parando também permanecemos, mas em algo com pouco sentido, como a dar um passo à frente sem pensar no que deixamos atrás de nós, tornado difícil saber para onde vamos ou melhor onde queremos ir.
No meu livro quero parar! Para que cada parágrafo tenha um sentido de missão, de amor, de doação; de experiência de Cristo, com Cristo. Quero que cada ponto (e que haja muitos!) seja oração, exame de consciência, Palavra e inspiração para que o próximo seja mais rico e o fruto mais sumarento.
Que permanecendo, venha cada vez mais a aprender a ser Santo, e virada a última página deste livro, sinta que tendo permanecido, fui instrumento, porque escolhido, tendo dado a vida pelos e para os outros, vislumbrando a vida eterna.
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