Rezar a Vida é deixar-se deslumbrar pela gratuidade manifestada na Criação.
Não é fácil dar conta de tamanha beleza (da Criação) no meio das florestas de cimento, do barulho e do tráfico intenso das nossas cidades, precisamos de procurar espaços de contacto com a Natureza para melhor sentirmos o seu pulsar.
Levar a vida à oração pode significar rezar a natureza, desde as maravilhas do cosmos, à beleza das flores, ao canto dos pássaros, à brancura da neve, à imensidade dos oceanos. Levar tudo ao diálogo com Deus para sairmos mais contemplativos e descobrirmos o dedo de Deus nas maravilhas da Criação.
Em cada momento, na nossa vida, a Mãe Natureza, dádiva de Deus, deslumbra-nos, entra em nós, tendo nós a percepção de que algo tão complexo nos transcende e nos é exterior.
Também nós somos complexos, também nós somos parte integrante dessa Natureza, sendo que quando a contemplamos, queiramos ou não, ficamos impotentes perante a dimensão infinita da grandeza e beleza que Deus proporciona a cada ser, em cada fenómeno, ao Seu projecto completo para cada um de nós.
Aos 11 anos, escrevi este poema, que traduzia para mim serenidade e paz, características da comunhão com Deus. Passados 25 anos, escreveria tudo igual. Vivemos com a Natureza, vivemos com Deus, vivamos para Deus!
O DIA
A luz do sol reflecte-se
Sobre as águas quentes de um lago,
Ao ritmo de uma música inaudível,
Invisível e agradável de uma manhã
Que quente e bonita
Anuncia um novo dia.
As flores acordam ligeiramente,
Perfumando o ar
E embelezando a paisagem,
Como é costume neste prado imenso,
Humedecido pelo orvalho que cai misteriosamente
Durante a noite, como num conto de fadas.
Os pássaros, voando e cantando contentes
Ainda tornam mais alegre e viva,
Esta bonita cena primaveril.
Assim se passa até ao entardecer,
Até que por aí tudo decorre ao contrário,
E então como por encanto, surge a noite,
Ficando esta pradaria coberta
Por um céu negro e ameaçador.
A partir daí, este prado não passa de um simples campo
Silencioso e adormecido,
Esperando que nasça um outro dia.
Paulo Viriato Meneses