1. O R A Ç Ã O
2. P A R T I L H A
3. T P C
Leitura: Magnificat – Lc 1, 39-56
A minha alma glorifica o Senhor *
E o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua Serva: *
De hoje em diante me chamarão bem aventurada todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: *
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração *
Sobre aqueles que o temem.
Manifestou o poder do seu braço *
E dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos *
E exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens *
E aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo, *
Lembrado da sua misericórdia,
Como tinha prometido a nossos pais, *
A Abraão e à sua descendência para sempre
Glória ao Pai e ao Filho *
E ao Espírito Santo,
Como era no princípio, *
Agora e sempre. Ámen.
Magnificat (também conhecida como Canção de Maria) é um cântico entoado (ou recitado) frequentemente na liturgia dos serviços eclesiásticos cristãos. O texto do cântico vem directamente do Evangelho segundo Lucas, onde é recitado pela Virgem Maria na ocasião da Visitação de sua prima Isabel. Na narrativa, após Maria saudar Isabel, que está grávida com aquele que será conhecido como João Batista, a criança mexe-se dentro do útero de Isabel. Quando esta louva Maria por sua fé, Maria entoa o Magnificat como resposta.
Como terceira forma de rezar, vamos fazer deste texto a base da nossa oração para estes 15 dias. Deixo-me levar pela lógica do mesmo, procuro responder porque é que eu louvo a Deus e quais as minhas orações.
Tal como Maria, respondendo a estas questões, vou concretizar o fruto da minha oração redigindo o meu Magnificat.
Graça a pedir: Fidelidade e Perseverança na Oração
4. AVALIAÇÃO
Ícone de Nossa Senhora de Taizé (in www.taize.fr)
«Nada é impossível a Deus»: ao compreender que Deus precisava dela para poder vir à terra, Maria acreditou na palavra do anjo. (Lucas 1,26-38)
Ela ainda não vivia com José quando o anjo lhe disse que iria ter um filho, que seria o Cristo de Deus. O que lhe estava a ser anunciado era humanamente impossível. Ela tinha boas razões para dizer não. Contudo, disse sim. E a maneira de agir de Deus, surpreendente, inaugurada com Abraão, que confiou sem saber para onde iria, realizou-se nela de uma forma nova e única.
O Evangelho chama a Maria «cheia de graça»: desde sempre, ela era amada por Deus e preparada para o que Deus esperava dela. Nenhum dos seus vizinhos podia adivinhar o mistério que Maria de Nazaré trazia dentro de si. Não acontecem sempre os maiores mistérios num profundo silêncio? Na história, bastam por vezes algumas pessoas para mudar o curso dos acontecimentos. A confiança e a coragem de Maria foram suficientes para deixar que Deus entrasse na humanidade.
Deus esperava desta jovem um sim livre. Ela di-lo: «Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim, segundo a tua palavra». E eis que a sua fé será sujeita a uma dura prova. O nascimento de Jesus no improviso, a distância que a criança de doze anos marca em relação aos seus pais, a resposta abrupta pela qual Jesus dá a entender que há laços mais profundos do que os do sangue, tudo isso não a leva a abandonar a sua confiança.
Em Caná, ela convida os outros a entrar numa mesma confiança: «Fazei o que ele vos disser» (João 2,1-12). Ela volta a dizer o seu sim no momento em que tudo se torna incompreensível e até mesmo absurdo. Quando Jesus morre na cruz, ela está presente. É então que Jesus a confia como sua mãe ao discípulo João (João 19,25-27).
Este sim de toda uma vida é o que Deus espera de cada um de nós. É como se ele nos dissesse: «Preciso de ti para que o Evangelho possa chegar a todos os homens. Não temas os teus limites nem os sofrimentos. Eu nunca te abandonarei».
O ícone de Maria, Mãe de Deus, que nos apresenta o seu filho, mostra que ela, a primeira a ter confiado no Evangelho, nos orienta até Jesus. O ícone reproduzido aqui encontra-se na igreja de Taizé. Foi benzido em 1962 pelo Metropolita Nikodim, da Igreja Ortodoxa Russa, aquando da sua visita.
A Virgem Maria prefigura a Igreja. Na comunhão dos santos, estamos ligados a ela, como a uma mãe muito próxima. Inúmeros crentes encontraram consolação e coragem ao referirem-se a ela, na confiança de que ela está viva, junto de Deus. Muitas pessoas desesperadas encontram junto dela um apaziguamento para as suas feridas, a cura do coração.
A veneração de Maria faz parte do nosso louvor a Deus: quando meditamos sobre a maneira como Deus encarnou, adoramos Cristo e ficamos também maravilhados ante Maria.
A veneração de Maria assumiu diferentes formas segundo os locais e as épocas. (*)A começar pelo evangelista Lucas, que põe nos lábios de Maria estas palavras: «Chamar-me-ão bem-aventurada todas as gerações» (Lucas 1,48). Há hinos antigos que cantam este louvor de Maria com uma grande beleza poética: «Alegra-te, tu que conténs no teu seio Aquele que tudo contém; alegra-te, Estrela que anuncia o nascer do Sol; alegra-te, tu que acolhes na tua carne o teu filho e o teu Deus; alegra-te, tu que és a primeira da nova Criação» (Hino acatista à Mãe de Deus)
A celebração de 15 de Agosto, vinda do Oriente, provavelmente de Jerusalém, celebra o final da peregrinação de Maria. A partir de então, ela está junto de Cristo. Ele tomou junto de si aquela que o Espírito Santo tinha preparado para lhe dar a vida sobre a terra. A fé da Virgem Maria tornou-se visão. Maria atesta que a obra de reconciliação empreendida por Cristo encontra o seu cumprimento.
Os cristãos do Oriente não dizem «assunção», mas «dormição» de Nossa Senhora. A sua maneira de explicar o mistério é o de ficar, de algum modo, no limiar. Se, mais explicitamente, a Igreja Católica diz que Maria foi «elevada à glória do céu em corpo e alma» (Concílio Vaticano II, Lumen Gentium 59), ela afirma que foi com toda a sua pessoa, com tudo o que fez parte da sua vida, que Maria foi acolhida em Deus.
Maria ficará sempre como o exemplo da fé. Hoje, quando um sim para sempre no casamento ou no celibato é facilmente questionado, é ainda mais importante que aqueles que o disseram o guardem vivo e o alimentem, inspirados por Maria.
Contemplar o sim de Maria, o caminho que ela percorreu até ao seu acolhimento em Deus, confirma que «nada é impossível a Deus», e isso pode levar-nos a assumir o risco de arriscar tudo na fé em Cristo.
(*) Há muitos documentos ecuménicos, entre os quais o do Grupo de Dombes («Maria no plano salvífico de Deus e na comunhão dos santos», 1997) que abrem um caminho para que todos os baptizados reconheçam em conjunto o lugar da Virgem Maria no plano da salvação, aceitando que haja diferentes formas de veneração. Como poderia a mãe do Senhor, figura da Igreja, separar-nos? Não! Ela une-nos!
Maria (mãe de Jesus) (in http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria,_m%C3%A3e_de_Jesus)
Maria (????? transliteração em grego do hebraico Maryam, Miriã ou Miriam ???? que em hebraico significa “contumácia” ou “rebelião”; a origem é incerta, mas pode ter sido originalmente um nome egípcio, provavelmente derivado de mry (“amada”) ou mr (“amor”),no sentido de “senhora amada”; era a mãe de Jesus de Nazaré, segundo a Bíblia. Acredita-se que tenha nascido em Jerusalém a partir de 15 a.C., para alguns estudiosos teria nascido em Nazaré. A Igreja Católica a denomina também Co-Redentora da humanidade.
Alguns autores afirmam que Maria era filha de Eli, mas a genealogia fornecida por Lucas alista o marido de Maria, São José, como “filho de Eli”. A Cyclopædia (Ciclopédia) de M’Clintock e Strong (1881, Vol. III, p. 774) diz: “É bem conhecido que os judeus, ao elaborarem suas tabelas genealógicas, levavam em conta apenas os varões, rejeitando o nome da filha quando o sangue do avô era transmitido ao neto por uma filha, e contando o marido desta filha em lugar do filho do avô materno. (Números 26:33, Números 27:4-7).” Possivelmente por este motivo Lucas diz que José era «filho de Eli» (Lucas 3:23).
Vida
Segundo uma tradição católica estima-se que a Virgem Maria teria nascido a 8 de setembro, num sábado, data em que a Igreja festeja a sua Natividade. Também é da tradição pertencer à descendência de Davi – neste sentido existem relatos de Inácio de Antioquia, Santo Irineu, São Justino e de Tertuliano – consta ainda dos “apócrifos” Evangelho do nascimento de Maria e do Protoevangelion e é também de uma antiga tradição que remonta ao século II que seu pai seria São Joaquim, descendente de Davi, e que sua mãe seria Sant’Ana, da descendência do Sacerdote Aarão.
De acordo com o costume judaico aos três anos, Maria teria sido apresentada no Templo de Jerusalém, é também da tradição que ali teria permanecido até os doze anos no serviço do Senhor, quando então teria morrido seu pai, São Joaquim. Com a morte do pai teria se transferido para Nazaré, onde São José morava. Três anos depois realizar-se-iam os esponsais. Os padres bolandistas, que dirigiram a publicação da Acta Sanctorum de 1643 a 1794, supõem em seus estudos que São Joaquim era irmão de São José, o que caracterizaria um caso de endogamia, o que era comum entre os judeus.
Nos Evangelhos
O papel que ocupa na Bíblia é mais discreto se comparados com a tradição católica. Os dados estritamente biográficos derivados dos Evangelhos dizem-nos que era uma jovem donzela virgem (em grego ????????), quando concebeu Jesus, o Filho de Deus. Era uma mulher verdadeiramente devota e corajosa. O Evangelho de João menciona que antes de Jesus morrer, Maria foi confiada aos cuidados do apóstolo João e a Igreja Católica viu aí que nele estava representada toda a humanidade, filha da Nova Eva.
É dezanove vezes citada no Novo Testamento, entre elas: «A virgem engravidará e dará à luz um filho … Mas José não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus.» (Mateus 1:23-25), “Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. … será chamado Filho do Altíssimo.” Maria pergunta ao anjo Gabriel: “Como acontecerá isso, se sou virgem [literalmente: se não conheço homem]?” O anjo respondeu: «O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que nascer será chamado santo, Filho de Deus.» (Lucas 1:26-35).
Factos notáveis – As passagens onde Maria aparece no Novo Testamento são:
• O aparecimento do arcanjo Gabriel, e anúncio de que seria ela a mãe do Filho de Deus, o prometido Messias (ou Cristo). (Lucas 1:26-56 a Lucas 2:1-52; compare com Mateus 1:2).
• A visitação à sua prima Santa Isabel e o Magnificat (Lc. 1,39-56).
• O nascimento do Filho de Deus em Belém, a adoração dos pastores e dos reis magos (Lc. 2,1-20).
• A Sua purificação e a apresentação do Menino Jesus no templo (Lc. 2,22-38).
• À procura do Jesus no templo debatendo com os doutores da lei (Lc. 2,41-50).
• Meditando sobre todos estes fatos (Lc. 2,51).
• Nas bodas de Casamento em Caná, na Galileia. (João 2:1-11)
• À procura de Cristo enquanto este pregava e o elogio que Lhe faz (Lc. 8,19-21) e (Mc. 3, 33-35).
• Stabat Mater – Ao pé da Cruz quando Jesus aponta a Maria como mãe do discípulo e a este como seu filho (Jo, 19,26-27).
• Depois da Ascensão de Cristo aos céus, Maria era uma das mulheres que estavam reunidas com restantes discípulos no derramamento do Espírito Santo no Pentecostes e fundação da Igreja Cristã. (Actos 1:14; Actos 2:1-4)
E não há mais nenhuma referência ao seu nome nos restantes livros do Novo Testamento, salvo em Lucas (11, 27-28): Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram.
Palavras de Maria
Nos Evangelhos Maria faz uso da palavra por sete vezes, três delas dirigidas ao Anjo da Anunciação, o Magnificat em resposta a Isabel, duas dirigidas ao seu Filho e uma só e última vez dirigida aos homens (aos servos das bodas de Caná) que a Igreja Católica conserva com todo o valor de um testamento:
• Como poderá ser isto, se não conheço varão? (Lc. 1,34).
• “Eis aqui a serva do senhor, faça-se em mim, segundo a Tua palavra (Lc 1:38)
• “A minha alma engrandece o Senhor.” (Lc. 1,46-55)
• “Filho, porque fizeste isto connosco? eis que teu pai e eu te procurávamos angustiados.” (Lc. 2,48).
• “Não têm mais vinho”… (Jo. 2,3).
• “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo.2,5).
Palavras dirigidas a Maria – Nos Evangelhos por oito vezes a palavra é dirigida a Maria:
1. A saudação do anjo: Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo. (Lc.1,28).
2. O anúncio da Encarnação: Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho a quem porás o nome de Jesus. (Lc. 1,30-33).
3. Por obra e graça do Espírito Santo: O Espírito Santo descerá sobre ti e o poder do altísimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o que nascer será chamado Santo, Filho de Deus. (Lc. 1,35-37).
4. Simeão Lhe fala da espada que trespassará o coração: …e uma espada trespassará a tua própria alma a fim de que se descubram os pensamentos de muitos corações. (Lc. 2,34).
5. Isabel ao responder à sua saudação: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! (Lc.1, 42-45).
6. O Jesus a responde no templo: Por que me buscáveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai? (Lc. 2,49)
7. Cristo em Caná: Respondeu-lhe Jesus: Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou. . (Jo.2,4)
8. Por Cristo na Cruz: Jesus, vendo a sua Mãe e, junto dEla, o discípulo que amava, disse à sua Mãe: “Mulher, eis aí o teu filho.” Depois disse ao discípulo: “Eis aí a tua Mãe.” E daquela hora em diante o discípulo a levou para sua casa. (Jo. 19,26-27).
As sete dores de Maria
A historiagrafia de Maria colhe uma tradição fundada nos evangelhos que venera as Suas Sete Dores, são sete momentos da sua vida em que passou por sofrimento humano notável:
• Primeira dor: A profecia de Simeão.
• Segunda dor: A fuga para o Egipto.
• Terceira dor: Jesus perdido no Templo.
• Quarta dor: Maria encontra o seu Filho com a cruz a caminho do Calvário.
• Quinta dor: Jesus morre na Cruz.
• Sexta dor: Jesus é descido da Cruz e entregue a sua Mãe.
• Sétima dor: O corpo de Jesus é sepultado.
A Dormição
Não há registros históricos do momento da morte de Maria. Diz uma tradição cristã que ela teria morrido (Dormição da Virgem Maria) no ano 42 d.C. e seu corpo depositado no Getsêmani.
Desde os primeiros séculos, usou-se a expressão dormitação, do lat. dormitáre, em vez de “morte”. Alguns teólogos e mesmo santos da Igreja Católica, por devoção, sustentam que Maria não teria morrido, mas teria “dormitado” e assim levada aos Céus; outra corrente, diversamente, sustenta que não teria tido este privilégio uma vez que o próprio Jesus passou pela morte.
Na liturgia bizantina a festa da dormição ocorre no dia 31 de agosto, é a Dormição da SS. Mãe de Deus, “Kóimesis” em grego e Uspénie em língua eslava eclesiástica, termos que se referem ao ato de dormir. A partir de 1 de agosto, na Igreja oriental e bizantina (ortodoxos e greco-católicos) inicia-se a preparação para esta festa. O dia 15 de agosto foi estabelecido pelo imperador Maurício (582-602), do Império Romano do Oriente, mantendo assim uma antiga tradição, no Ocidente foi introduzida pelo Papa Sérgio I.
Do ponto de vista oficial do magistério, entretanto, a Igreja Católica, sobre esta matéria, nunca se pronunciou, o que coloca o tema na livre devoção dos fiéis. Reservou-se ao dogma apenas o tema da Assunção em si. Sobre a dormição de Maria, entretanto, João Paulo II assim se manifestou:
(…) O Novo Testamento não dá nenhuma informação sobre as circunstâncias da morte de Maria. Este silêncio induz supor que se produziu normalmente, sem nenhum fato digno de menção. Se não tivesse sido assim, como teria podido passar desapercebida essa notícia a seu contemporâneos sem que chegasse, de alguma maneira até nós?
No que diz respeito às causas da morte de Maria, não parecem fundadas as opiniões que querem excluir as causas naturais. Mais importante é investigar a atitude espiritual da Virgem no momento de deixar este mundo. A este propósito, São Francisco de Sales considera que a morte de Maria se produziu como efeito de um ímpeto de amor. Fala de uma morte “no amor, por causa do amor e por amor” e por isso chega a afirmar que a Mãe de Deus morreu de amor por seu filho Jesus (Tratado do Amor de Deus, Liv. 7, cc. XIII-XIV).
Qualquer que tenha sido o fato orgânico e biológico que, do ponto de vista físico, Lhe tenha produzido a morte, pode-se dizer que o trânsito desta vida para a outra foi para Maria um amadurecimento da graça na glória, de modo que nunca melhor que nesse caso a morte pode conceber-se como uma “dormição”.
Dogmas – Segundo a doutrina da Igreja Católica, Maria está associada aos seguintes dogmas de fé:
• Maternidade Divina – Proclamado pelo Concílio de Éfeso em 431, como sendo a “Mãe de Deus” (em grego Theotokos e em latim Mater Dei): o Concílio de Éfeso proclamou que “se alguém não confessa que o Emmanuel é verdadeiramente Deus, e que por isso a Santíssima Virgem é Mãe de Deus, já que engendrou segundo a carne o Verbo de Deus encarnado, seja anátema “(…). Segundo São Tomás de Aquino “A Santíssima Virgem, por ser Mãe de Deus, possui uma dignidade, de certo modo infinita, derivada do bem infinito que é Deus”.
• Virgindade Perpétua – Virgem antes, durante e depois do parto.
• Santidade absoluta – Cheia de graça (gratia plena) por toda a sua existência.
• Imaculada Conceição – Concebida sem a mancha do pecado original. O Papa Pio IX, na Bula Ineffabilis Deus, fez a definição oficial do dogma da Imaculada Conceição, aos 8 de Dezembro de 1854.
• Assunção aos Céus – Refere-se à elevação de Maria em corpo e alma ao Céu. Este dogma foi proclamado pelo Papa Pio XII em 1 de Novembro de 1950, na encíclica Munificentissimus Deus.
As igrejas ortodoxas na sua maioria aceitam estes mesmos dogmas. As confissões protestantes não os aceitam outras mostram-se reticentes sobre o tema.
Virgindade Perpétua
Sobre este tema, especificamente, discorreu na antiguidade, Ambrósio de Milão, por volta do ano 391 ou 392, na obra De Institutione Virginis, em que se ocupa em defender a virgindade perpétua de Maria, contra algumas vozes que se levantavam na época contra esta prerrogativa que Lhe é reconhecida por algumas igrejas cristãs.
Sobre a virgindade de Maria, os cristãos católicos, protestantes e ortodoxos crêem que Maria era virgem quando deu à luz Jesus, mas apenas a Igreja Católica e os ortodoxos crêem que Maria ficou perpetuamente virgem. A tese sobre sua virgindade no nascimento de Cristo está ligada à profecia de Isaías 7:14.
Imaculada Conceição
Na bula dogmática Ineffabilis Deus, foi feita a definição oficial do dogma da Imaculada Conceição; nela, em 8 de dezembro de 1854 disse Pio IX: (…) que a doutrina que defende que a beatíssima Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original desde o primeiro instante da sua concepção, por singular graça de privilégio de Deus omnipotente e em atenção aos merecimentos de Jesus Cristo salvador do gênero humano, foi revelada por Deus e que, por isso deve ser admitida com fé firme e constante por todos os fiéis.
Em 8 de setembro de 1953, Pio XII através da Carta encíclica Fulgens corona anunciou a celebração do “Ano Mariano” comemorativo do primeiro centenário da definição do dogma da “Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria”. Em 5 de dezembro de 2007, Bento XVI fez tornar público decreto que concede indulgência plenária aos fiéis que cumprirem as condições nele estabelecidas, por ocasião do “150º. Aniversário da manifestação da Beata Virgem Maria na Gruta de Massabielle, próximo a Lourdes”
Títulos
A profunda devoção dos católicos por todo o mundo a encobriu de títulos como: Nossa Senhora de Nazaré, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora de Guadalupe, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora de Fátima, dentre outros.
Na “Ladainha de Nossa Senhora” estão enumerados os títulos com que os católicos a homenageiam numa tradição milenar. O mais recente destes títulos – Regina Familiae, Rainha das Famílias – foi mandado acrescentar pelo Papa João Paulo II em 1995. Há uma crença geral de que foi ele quem também incorporou à ladainha o título de Regina Pacis (Rainha da Paz), mas quem o fez foi Bento XV, em 1917, ao mesmo tempo em que pedia para que todos os católicos rezassem pelo fim da I Guerra Mundial.
Padroeira de Portugal
Nas Cortes de Lisboa de 1645-1646, em 25 de Março de 1646 declarou El-Rei D. João IV que tomava a Nossa Senhora da Imaculada Conceição por padroeira do Reino de Portugal, prometendo-lhe em seu nome, e dos seus sucessores, o tributo anual de 50 cruzados de ouro. Ordenou o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus.
D. João IV não foi o primeiro monarca português que colocou o reino sob a protecção da Virgem Maria, apenas tornou permanente uma devoção a que os reis portugueses recorriam em momentos críticos para o reino: D. João I já tinha deixado nas portas da capital uma inscrição louvando a Virgem, e mandado construir o Convento da Batalha, na Batalha, e seu companheiro, D. Nuno Álvares Pereira, mandado construir o Convento do Carmo, em Lisboa.
Magistério da Igreja Católica
São os seguintes, os principais documentos mariológicos da Igreja promulgados nos últimos cento e cinquenta anos:
• Papa Leão XIII: Encíclicas Magnae Dei Matris, 1892, Adiutricem populi, 1895, Augustissimae Virginis Mariae, 1897.
• Papa Pio IX: Bula dogmática Ineffabilis Deus, de 8 de dezembro de 1854.
• Papa Pio X: Encíclia Ad diem illum laetissimum, 1904
• Papa Pio XI: Encíclica Lux veritatis, 1931.
• Papa Pio XII: Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, 1950, encíclicas Fulgens corona, 1953 e Ad Caeli Reginam, 1954.
• Concílio Vaticano II, Constituição Lumen Gentium, cap. VIII, 1964.
• Papa Paulo VI: Exortações Apostólicas Marialis cultus, 1974 e Signum magnum, 1967.
• Papa João Paulo II: Encíclica Redentoris Mater (1987), Exortação Apostólica Redentoris custos, 1989 e Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, (2002).
Representação nas artes, Literatura, Escultura, Música e Pintura
A devoção e o culto à Virgem Maria têm sido expresso nas artes em especial na arte sacra e na arte religiosa desde os tempos dos Padres da Igreja até os tempos modernos, ressaltando-se sobre o tema os grandes mestres do Renascentismo e do Barroco. No barroco mineiro as obras do Aleijadinho, tanto os frescos como as esculturas, são também obras notáveis de representação da Virgem.
Muitos autores escreveram sobre Maria e suas virtudes e predicados, dentre eles Dante Alighieri na sua obra A Divina Comédia: És tão grande, Senhora, e tão poderosa, que quem pretenda alcançar uma graça sem recorrer a ti, deseja o impossível de voar sem asas. (Paraíso XXXIII, 13-15). Miguel de Cervantes, em “El licenciado Vidriera”; García Lorca, em “Romancero Gitano”; Tagore, em “La luna nueva” e famoso ainda é o “Poema à Virgem” de José de Anchieta, dentre muitas outras obras literárias e poéticas.
São inúmeras as esculturas representando Maria. A sua mais famosa representação é a Pietà de Michelangelo que se encontra na Basílica de São Pedro no Vaticano. As músicas mais conhecidas são as Ave Maria de Franz Schubert e de Gounod, Vários outros compositores escreveram música para o texto da “Ave Maria”, entre os quais pode-se citar também Giuseppe Verdi, Giacomo Puccini e Bonaventura Somma.
É grande a quantidade de pinturas contendo cenas da vida da Virgem Maria, grande número delas de pintores europeus do barroco e do renascimento que se encontram principalmente nos museus do Louvre em Paris, do Prado em Madri e do Vaticano, entre essas obras destacam-se as de Leonardo da Vinci, Velasquez, Murillo, Francisco de Zurbarán, Tiziano Vecellio, Sandro Botticelli, Bayerischer Meister, Caravaggio, Peter Paul Rubens, Antonello da Messina, Domenico Ghirlandaio, Raffaello Sanzio, Fra Angelico e El Greco, dentre vários outros.
No Protestantismo
Para os cristãos protestantes, Maria é vista como uma mulher de alto mérito, respeitosa por ter vivido uma vida exemplar segundo os propósitos de Deus, porém, sendo ela cheia da Graça (retomando o significado da palavra “graça” como algo não merecido, dado gratuitamente), era uma mulher comum, escolhida dentre outras para dar à luz ao Messias. Não se acredita, no protestantismo, que Maria seja a Mãe de Deus, no sentido estrito do termo, pois a natureza divina de Cristo é anterior à existência de Maria. Pelo fato de que ela foi criada por Deus, era uma mulher limitada às condições humanas, sem nada de diferente em sua essência.
Pelo ponto de vista protestante, não cabe discutir se Maria teve ou não relações sexuais com seu esposo, José; crê-se somente que ela não as teve antes do nascimento de Cristo, para que seja afirmável que Jesus é o Filho de Deus, não proveniente de homens ou mulheres quaisquer que sejam. A ideia mais crida é que até ao nascimento de Cristo, ela realmente tenha se mantido virgem, e só depois coabitado com seu esposo José (segundo Mateus 1:25), e tido pelo menos mais quatro filhos (Tiago, José, Simão e Judas) e duas filhas (Mateus 12:46-50 e 13:54-56; Marcos 3:31-34 e 6:2, 3; João 7:1-10). O pensamento protestante não acredita que Maria tenha sido levada aos Céus e não acredita que ela possa ser medianeira das graças que vêm de Deus junto a Cristo, baseando sua tese consoante 1ª Timóteo 2:5 e João 14:6. Para essa divisão do Cristianismo, apenas o que a Bíblia declara é norma de fé e doutrina, e nela não se veria qualquer referência a uma possível mediação de Maria.