Canónigos
Dar esmola
Texto de Apoio
1. Mateus 6, 1-4
1 Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles. Pelo contrário, não receberei recompensa junto do vosso Pai que está nos céus. 2 Por isso, quando deres esmola, não te ponhas a trombetear em público, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. 3 Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; 4 Para que a tua esmola seja dada em segredo; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará.
2. (Autobiografia de St Inácio)
18. Na véspera de Nossa Senhora de Marco (era assim chamada a Festa da Anunciado que já então se celebrava a 25 de Março), de noite, no ano de 22, foi ter com um pobre, o mais secretamente que pode, e despojando-se de todos os seus vestidos, deu-os ao pobre, e vestiu-se do seu desejado vestido e foi prostrar-se de joelhos diante do altar de Nossa Senhora e, umas vezes de joelhos, outras de pé, com o seu bordão na mão, passou [ali] toda a noite. Partiu logo ao amanhecer, para não ser conhecido, e foi não pelo caminho direito a Barcelona, onde encontraria muitos que o conhecessem e lhe prestassem honras, mas desviou-se para um povoado chamado Manresa, onde determinava ficar num hospital alguns dias, e também anotar algumas coisas no seu livro que levava bem guardado e com o qual ia muito consolado”.
E indo já a uma légua de Monserrate, alcançou-o um homem que vinha com muita pressa atrás dele e perguntou-lhe se tinha dado uns vestidos a um pobre, como o pobre dizia. E respondendo que sim, saltaram-lhe as lágrimas dos olhos, de compaixão pelo pobre a quem tinha dado os vestidos; de compaixão porque viu que o molestavam, pensando que os tinha roubado. Mas, por muito que ele fugisse a estimação, não pode estar muito tempo em Manresa sem que as pessoas dissessem grandes coisas, opinião motivada por aquilo que acontecera em Monserrate; imediatamente cresceu a fama para afirmar mais do que era: que tinha deixado tanto rendimento, etc.
TPC
1. Ponto de partida: a preocupação de Inácio de se assumir como pobre.
Ser pobre tem a ver com:
– os bens,
– com a minha maneira de viver,
– com a maneira como os outros me vêem.
Neste tempo procurar examinar estas 3 vertentes.
2. Esmola é dar o que eu tenho a quem não o tem:
– Dinheiro
– Bens
– Comida, roupa… etc
Isto de algum modo entra na minha vida?
3. A esmola exprime uma forma de ajudar. Procurar ajudar alguém concreto.
Fazê-lo discretamente mas é mais importante fazer do que ser discreto.
Partilharemos o resultado desta experiência.
Jantar de Reis dos Canónigos – 6/1/2012
Os Reis Magos
Os Três Reis Magos ou simplesmente “Os Magos”, a que a tradição deu os nomes de Melchior, Baltazar e Gaspar, são personagens da narrativa cristã que visitaram Jesus após o seu nascimento (Evangelho de Mateus). A Escritura diz “uns magos”, que não seriam, portanto, reis nem necessariamente três mas, talvez, sacerdotes da religião zoroástrica da Pérsia ou conselheiros. Como não diz quantos eram, diz-se três pela quantia dos presentes oferecidos.
Talvez fossem astrólogos ou astrónomos, pois, segundo consta, viram uma estrela e foram, por isso, até a região onde nascera Jesus, dito o Cristo. Assim os magos, sabendo que se tratava do nascimento de um rei, foram ao palácio do rei Herodes em Jerusalém. Perguntaram-lhe sobre a criança mas ele disse nada saber. No entanto, Herodes alarmou-se e sentiu-se ameaçado e pediu aos magos que, se encontrassem o menino, o informassem, pois iria adorá-lo também, embora suas intenções fossem a de matá-lo.
A estrela, conta o evangelho, precedia-os e parou sobre o local onde estava o menino Jesus. “E vendo a estrela, alegraram-se eles com grande e intenso júbilo” (Mt 2, 10). Os Magos ofereceram três presentes ao menino Jesus, ouro, incenso e mirra, cujo significado e simbolismo espiritual é, juntamente com a própria visitação dos magos, um resumo do evangelho e da fé cristã, embora existam outras especulações respeito do significado das dádivas dadas por eles: o ouro pode representar a realeza (eles procuravam o “Rei dos Judeus”); o incenso pode representar a fé, pois o incenso é usado nos templos para simbolizar a oração que chega a Deus; a mirra, resina antiséptica usada em embalsamamentos desde o Egipto antigo, remete-nos para o género da morte de Jesus, o martírio, sendo que um composto de mirra e aloés foi usado no embalsamamento de Jesus (João 19, 39 e 40).
A melhor descrição dos reis magos foi feita por São Beda, o Venerável (673-735), que no seu tratado “Excerpta et Colletanea” assim relata: “Melchior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltazar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz”.
Quanto a seus nomes, Gaspar significa “Aquele que vai inspecionar”, Melchior quer dizer: “Meu Rei é Luz”, e Baltazar se traduz por “Deus manifesta o Rei”.
Como se pretendia dizer que simbolizavam os reis de todo o mundo, representariam as três raças humanas existentes, em idades diferentes. Segundo a mesma tradição, Melchior entregou-Lhe ouro em reconhecimento da realeza; Gaspar, incenso em reconhecimento da divindade; e Baltazar, mirra em reconhecimento da humanidade.
Devido ao tempo passado até que os Magos chegassem ao local onde estava o menino, por causa da distância percorrida e da visita a Herodes, a tradição atribuiu à visitação dos Magos o dia 6 de Janeiro.
Devemos aos Magos a troca de presentes no Natal. Dos presentes dos Magos surgiu essa tradição em celebração do nascimento de Jesus. Em diversos países a principal troca de presentes é feita não no Natal, mas no dia 6 de Janeiro, e os pais muitas vezes se disfarçam de reis magos.
Nos países em que a Epifania se celebra neste dia, as leituras da liturgia são Is 60, 1-6; Sl 71, 2.7-8.10-13; Ef 3, 2-3.5-6; Mt 2, 1-12
Conversão
(…)Mas nosso senhor foi-lhe dando saúde e foi ficando tão bem que em tudo o resto estava são; só que não podia apoiar-se sobre a perna e por isso era obrigado a ficar na cama.
E porque era muito dado a ler livros mundanos e falsos, que se costumam chamar-se cavalaria, sentindo-se bem, pediu que lhe dessem alguns para passar o tempo, mas na casa não se encontrou nenhum daqueles que ele costumava ler e por isso deram-lhe uma Vita Christi e um livro da vida dos Santos em língua pátria.
Lendo-os muitas vezes, algum tanto se ia afeiçoando ao que ali encontrava escrito. Mas, parando de os ler, algumas vezes ficava a pensar nas coisas que tinha lido, e outras vezes pensava nas coisas do mundo nas quais costumava pensar antes.
E de muitas coisas vãs que se ofereciam, uma se apossara tanto do seu coração, que ficava logo embebido a pensar nela duas, três ou quatro horas sem se dar conta, imaginando o que havia de fazer em serviço de uma senhora, os meios que usaria para poder ir à terra onde ela estava, os motes e as palavras que lhe diria, os feitos de armas que Faria ao seu serviço. E ficava tao envaidecido com isso, que não via como era impossívelalcançá-lo, porque a senhora não era de vulgar nobreza: nem condessa nem duquesa, mas o seu estado era mais alto que qualquer destes.
7. Contudo, nosso Senhor o socorria, fazendo com que a estes pensamentos sucedessem outros que nasciam das coisas que lia. Porque, ao ler a vida de nosso Senhor e dos santos, parava a pensar, raciocinando consigo próprio: – E se eu fizesse aquilo que fez S. Francisco e aquilo que fez S. Domingos? – E assim discorria por muitas coisas que achava boas, propondo-se sempre a si mesmo coisas difíceis e importantes, e ao faze-lo parecia-lhe encontrar em si facilidade de as levar a cabo.
Mas todo o seu discorrer era dizer a si próprio: – S. Domingos fez isto; também eu tenho que faze-lo. S. Francisco fez isto; também eu tenho que faze-lo -. Estes pensamentos duravam muito tempo, e depois de se intrometerem outras coisas, apareciam os do mundo mencionados antes, e também neles se detinha muito tempo. E esta sucessão de pensamentos tao diversos durou bastante tempo, detendo-se sempre no pensamento que voltava, quer fosse das façanhas mundanas que desejava fazer, quer outras coisas de Deus que se ofereciam a fantasia, ate que sentindo-se cansado deixava tudo isso e ocupava-se doutras coisas.
8. Notava, ainda, esta diferença: quando pensava nas coisas do mundo, senti a um grande prazer; mas quando depois de cansado as deixava, sentia-se árido e descontente. E quando pensava ir a Jerusalém, descalço e comendo só ervas, e em fazer todos os mais rigores que via que os santos tinham feito, nãosó sentia consolação quando estava nesses pensamentos, mas também depois de os deixar, ficava contente e alegre.
Mas não reparava nisso nem se detinha a ponderar esta diferença, ate que uma vez se lhe abriram um pouco os olhos e começou a maravilhar-se desta diferença e a fazer reflexão sobre ela. Compreendeu então por experiencia que de uns pensamentos ficava triste e de outros alegre, e pouco a pouco veio a conhecer a diversidade dos espíritos que se agitavam: um do demónio e o outro de Deus.
[Foi esta a primeira reflexão que fez nas coisas de Deus. E depois, quando fez os Exercícios, daqui começou a tomar luz para o que diz sobre a diversidade de espíritos].
(Autobiografia de Santo Inácio de Loiola, tradução António José Coelho SJ)
Texto de apoio:
Lucas 19, 1-10 (Zaqueu)
Jesus que vai a passar vendo Zaqueu torna esse momento num encontro. O momento deixa de ser uma passagem para ser um encontro. Deste encontro resulta a conversão de Zaqueu que é voluntária e espontânea não tendo sido pedida por ninguém.
TPC – Pontos de Reflexão
A minha conversão:
– Como?
– Porquê?
– Onde?
– Quem?
– A minha conversão podendo ter acontecido num dia concreto é também um desafio diário. Olho para o momento especial da minha conversão tendo presente que a minha conversão acontece também hoje. Nesse sentido preciso de revitalizar a minha conversão.
– A minha conversão não é só reagir à passagem de Deus, é também entrar na lógica de um Deus que dá e assim eu dou também.
Partilharemos o resultado desta experiência.
Durante o cerco de Pamplona, ferido, Santo Inácio caiu por terra
III. Durante o cerco de Pamplona, ferido, Santo Inácio caiu por terra (Autobiografia de Santo Inácio de Loiola, tradução António José Coelho SJ)
(…) E assim, quando ele caiu, os da fortaleza renderam-se logo aos franceses, os quais depois de se terem apoderado dela, trataram muito bem o ferido, com cortesia e amizade. E depois de ter estado doze ou quinze dias em Pamplona, levaram-no numa liteira para a sua terra.
E encontrando-se aqui muito mal, e tendo chamado todos os médicos e cirurgiões de muitas partes, estes disseram que era necessário partir outra vez a perna e pôr os ossos de novo no seu lugar, dizendo que por terem sido mal postos na primeira vez, ou por se terem deslocado no caminho, estavam fora dos seus lugares e assim não podia curar. E fez-se de novo a carnificina, na qual, como em todas as outras por que passara e passou depois, nunca disse uma palavra, nem mostrou sinal de dor, a não ser apertar fortemente os punhos.
Texto de apoio: Act 9, 1-6 (Paulo caiu por terra)
– O que me derruba?
– O que me faz sentir fraco ou incapaz de lutar contra?
– O que me vence?
– O que me faz levantar?
– A importância das ajudas dos outros
– O aprender com as quedas. Que proveito tiro delas?
Tarefa: nestes 15 dias rezar as minhas fraquezas, até porque quando sou fraco, então é que sou forte. (cfr 2Cor 12, 7-10)
O cavaleiro de Pamplona
O ponto de partida para rezar o TPC é olhar para a vida na corte de S. Inácio. Sendo que o tema é o homem da corte, tenhamos presentes que o homem da corte somos nós.
O cavaleiro de Pamplona (Autobiografia de Santo Inácio de Loiola, tradução António José Coelho SJ)
Ate aos vinte e seis anos de idade, foi homem dado às vaidades do mundo e deleitava-se sobretudo no exercido das armas, com um grande e vão desejo de honra. E assim, estando numa fortaleza que os franceses combatiam, e sendo todos de parecer que se entregassem, com a condição de não matarem, pois viam claramente que não se podiam defender, ele deu tantas razoes ao governador da cidade, que o persuadiu à defesa, ainda que contra o parecer de todos os cavaleiros, os quais se animavam com a sua bravura e esforço. E chegando o dia em que se esperava o assalto, confessou-se com um dos seus companheiros de armas; e depois de o assalto durar um bom tempo, uma bombarda acertou-lhe numa perna e partiu-a toda e como a bala passou entre as pernas, também a outra ficou bastante ferida.
Texto de apoio:
Filipenses 4. 4-14
São Paulo está preso em Éfeso e escreve aos Filipenses.
TPC – Pontos de Reflexão
1- estar social – como nos inserimos na sociedade e no mundo? O que nos influencia? As pessoas com quem nos relacionamos? Como nos vestimos? Como convivemos com gregos e troianos?
2- capa e espada – a espada é para mim uma forma de estar? Há violência no meu dia a dia? Ter presente que há dois tipos de violência: física e psicológica. Fiz sofrer?
3- apaixonar-se – o que é apaixonar-me? Onde estava Deus nessa altura? As nossas paixões como crentes e como não crentes.
Partilharemos o resultado desta experiência.
O meu tempo antes da minha conversão
O ponto de partida para rezar o TPC é olhar para a vida mundana de S. Inácio. O tempo deste Santo antes da sua conversão. S. Inácio fazia parte da pequena nobreza do meio rural. Sabia escrever. Estava destinado para a vida religiosa, embora só se tenha usado dessa situação para sair da prisão quando adolescente.
Texto de apoio:
João 8
A mulher adultera. A mulher que foi retirada à força do ninho do adultério e foi levada para perto de Jesus. Assim, até esse momento ela estava longe de Jesus, longe de uma conversão. A situação de confusão imediatamente antes da conversão.
TPC – Pontos de Reflexão
- Para mim o meu momento de conversão foi o quê? Não entrar no momento de conversão mas ter consciência de quando ocorreu a minha conversão para poder ver como foi o meu tempo antes da conversão.
- Antes da minha conversão: o que me prendia? O que me motivava? O que me fazia correr?
- Se eu nunca tivesse passado pela conversão como seria a minha vida hoje?
Avaliação CVX Canónigos
Chegámos ao fim de mais um ano de Caminhada (o 11.º!) e, como manda a regra Canóniga, juntámos Miúdos e Graúdos para um dia de descanso e paragem. Foi ocasião para, envolvidos pela paisagem deslumbrante de Sintra (o local também já começa a tornar-se uma tradição…), estarmos simplesmente uns com os outros e pormos as nossas vidas em dia.
Este ano não foi possível reunirmos todos os membros, mas os ausentes estiveram muito presentes nos nossos pensamentos e orações. Reservámos também tempo para, em Comunidade, olharmos o ano que passou, avaliarmos o nosso percurso e apontarmos direcções para melhorar o ano que se segue.
Como passaram a correr os dois anos de “mandato” do nosso Animador, este era também um “ano de eleições” e lá fomos a votos…
Pela primeira vez na nossa história, obtivémos consecutivamente empates técnicos e rendemo-nos à evidência de que o Espírito Santo nos pedia uma “Coligação”…, pelo que vamos ter de rezar nas férias este novo desafio! Por fim e porque Deus não tira férias, ficou também o desafio de inspirados por São Nuno de Santa Maria, aproveitarmos as pistas lançadas no TPC de Férias para rezarmos o ano que passou e projectarmos a nossa vida com Cristo no próximo ano!
Bom descanso e boa Oração!