Duelo interior
Se é possível imaginar a situação em que nos transcendemos, saímos de nós, e vemo-nos frente a frente connosco mesmos, vemos a nossa imagem, que não é senão invólucro, crosta, pois que o interior está do lado de cá!
Embora talvez de forma demasiadamente cliché, é nessa imagem estática de mim mesmo que consigo visualizar a acção da presença (imaginada também) dos anjos bom e mau, em cima de mim, procurando controlar-me.
Bem, fugindo a esta imagem de filme de animação e ficção, a mensagem é no entanto perdurante: ocorre dentro de mim um duelo, uma batalha, onde o lado consciente sabe que tem Deus como partido e o inimigo mundo procura destabilizar-me.
Mas, mesmo quando estando dentro de mim, fosse de esperar que estivesse mais ciente, esse lado consciente está muitas vezes adormecido e o mundo abarca-me com as suas tentações, convencendo-me da vã felicidade.
É pois com alegria e confiança que, na minha condição de Vivo, (ser de Deus e para Deus), alerta, sei acordar desse torpor, para a minha verdadeira essência, e de me orgulhar saber o que é estar verdadeiramente feliz. (O ser feliz acontecerá em pleno somente quando em definitivo estiver junto a Ele).
No entanto, o papel do inimigo, do mundo, do olhar só para mim, tem uma importância que nem sempre percebemos e valorizamos: sem experimentarmos os dois lados, faltar-nos-ia o livre arbítrio que Deus nos concede, de escolher o que queremos para nós. O que é bom de saber é que, ao mostrar-nos o quão bom é o Seu caminho, Deus facilita-nos essa escolha, sem nunca no-la impor, revelando o seu infinito Amor.